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Valor da produção agrícola brasileira recua 3,9% em 2024, diz IBGE

O valor da produção agrícola brasileira recuou 3,9% em 2024, para R$ 783,2 bilhões, devido a condições climáticas e preços baixos, informou o IBGE.
Valor produção agrícola Brasil 2024
Foto: CNA/Wenderson Araujo/Trilux

O valor da produção agrícola brasileira registrou uma retração de 3,9% em 2024, alcançando R$ 783,2 bilhões, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este declínio significativo foi impulsionado principalmente por uma combinação de condições climáticas desfavoráveis e a queda nos preços no mercado internacional, impactando diretamente o setor primário do país.

Retração Generalizada no Campo Brasileiro

A pesquisa “Produção Agrícola Municipal” do IBGE revelou que o montante total gerado pela atividade agrícola no Brasil foi de R$ 783,2 bilhões no decorrer de 2024. Inicialmente, este resultado representa uma diminuição de quase 4% em comparação com o ano anterior, marcando um período desafiador para os produtores rurais.

Além disso, o ano de 2024 configura-se como o segundo consecutivo de perdas para o agronegócio nacional. Previamente, em 2023, o setor já havia experimentado uma retração de 2,3% em relação a 2022, evidenciando uma tendência de desaceleração no valor da produção.

Consequentemente, a principal explicação para essa diminuição reside em dois fatores interligados: as condições meteorológicas adversas que afetaram diversas regiões produtoras e a baixa nos preços praticados no mercado global. É importante ressaltar que uma parcela substancial da colheita brasileira é destinada à exportação; portanto, a flutuação dos valores internacionais tem um peso considerável no cálculo final da produção.

Soja e Milho Lideram as Perdas

Os produtos que mais contribuíram para essa queda no valor da produção agrícola nacional foram a soja e o milho. Ambos apresentaram diminuições expressivas em suas safras; a produção de soja recuou 5%, enquanto a de milho sofreu uma retração ainda maior, de 12,9%. Adicionalmente, essas commodities foram atingidas pela redução dos preços no cenário internacional, agravando o impacto financeiro para os agricultores.

Por outro lado, mesmo diante do recuo observado na produção de soja, o Brasil mantém sua posição de liderança como o maior produtor e exportador global da oleaginosa. Em 2024, a colheita de soja totalizou 144,5 milhões de toneladas, gerando um valor de produção estimado em R$ 260 bilhões, o que sublinha a importância estratégica desse grão para a economia nacional.

Impacto do Clima e Cenário da Produção

A pesquisa “Produção Agrícola Municipal” do IBGE oferece um panorama detalhado, cobrindo informações sobre área plantada, área colhida, volume de produção e valor de venda para 64 diferentes produtos agrícolas, com análises que abrangem municípios, estados e regiões. Nesse sentido, os dados revelam que a produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2024 alcançou 292,5 milhões de toneladas, configurando um volume 7,5% inferior ao registrado em 2023.

Apesar dessa redução na produção, a área plantada no país expandiu-se, atingindo 97,3 milhões de hectares, um aumento de 1,2% em comparação com o ano anterior. Para se ter uma dimensão, essa extensão de terra cultivada ultrapassa a área total do estado de Mato Grosso, que possui cerca de 90,3 milhões de hectares. No entanto, o aumento da área não foi suficiente para compensar as perdas de produtividade.

Em particular, o IBGE destaca que o ano de 2024 foi severamente comprometido pelo fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas na porção leste do Oceano Pacífico equatorial. A saber, “o ano foi marcado mais uma vez pela influência climática do fenômeno El Niño que, ao contrário dos anos anteriores, provocou estiagem prolongada mais severa no Centro-Norte do país, no Sudeste e parte do Paraná, com efeitos negativos na produtividade das culturas de verão”, conforme explicou o instituto. Consequentemente, enquanto essas regiões enfrentavam secas, o Rio Grande do Sul, por sua vez, padeceu com excesso de chuvas e alagamentos, demonstrando a complexidade e a diversidade dos desafios climáticos enfrentados pelo agronegócio brasileiro.

Desafios Persistentes para o Agronegócio

Em conclusão, o cenário da produção agrícola brasileira em 2024 foi marcado por significativas adversidades. A combinação de um ambiente climático desfavorável, exacerbado pelo El Niño, e a pressão dos preços internacionais resultou em uma considerável diminuição no valor da produção total. Portanto, o setor continua a enfrentar desafios substanciais, que exigem estratégias de adaptação e resiliência para garantir a estabilidade e o crescimento futuro do agronegócio nacional.

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