Edição Brasília

Ministro Flávio Dino: Crimes de golpe não podem ser anistiados

O ministro Flávio Dino, do STF, votou nesta terça contra a anistia para os crimes golpistas imputados a Jair Bolsonaro e sete réus, em meio a esforços no Congresso.
Flávio Dino anistia golpistas
Foto: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Flávio Dino, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), posicionou-se firmemente nesta terça-feira (9) contra a concessão de anistia para os crimes golpistas imputados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outros sete réus. Esta declaração ocorre em um cenário político onde aliados de Bolsonaro buscam ativamente a aprovação de uma lei no Congresso para anistiar os envolvidos em uma eventual condenação pela Suprema Corte, intensificando o debate sobre a responsabilidade dos atores políticos em momentos de crise democrática.

Impedimento da Anistia para Altas Cúpulas

Ao proferir seu voto na Primeira Turma do STF, o ministro Flávio Dino foi categórico ao afirmar que, segundo precedentes da Corte, nunca houve no Brasil anistia para os “altos escalões do poder”, especialmente quando se trata de crimes que atentam contra a ordem democrática. Ele ressaltou que o próprio Supremo Tribunal Federal já havia determinado que os crimes relacionados a tentativas de golpe são insuscetíveis de indulto e anistia, estabelecendo um limite claro para qualquer tentativa de perdão legislativo ou presidencial. Dessa forma, a fundamentação do ministro reforça a tese de que a lei deve ser aplicada de forma igualitária, independentemente da posição hierárquica dos acusados.

Os réus em questão enfrentam uma série de acusações graves. Entre elas, destacam-se a formação de organização criminosa armada, a tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito e a consumação de um golpe de Estado. Além disso, as imputações incluem dano qualificado pela violência e grave ameaça, bem como a deterioração de patrimônio tombado, evidenciando a pluralidade e a seriedade dos atos investigados. Portanto, a relevância do julgamento reside na defesa da integridade institucional e do patrimônio público.

Rejeição a Influências Externas e Andamento do Julgamento

Dino fez questão de frisar que o julgamento não se deixará influenciar por fatores externos, como “agressões e ameaças de governos estrangeiros”. Ele enfatizou que sua decisão se baseia estritamente nos elementos contidos nos autos do processo, sem qualquer intenção de enviar recados políticos ou emitir mensagens subliminares. Com efeito, o ministro busca garantir a imparcialidade e a objetividade do processo judicial, blindando-o de pressões internacionais.

O ministro Flávio Dino é o segundo a apresentar seu voto no julgamento da Primeira Turma do Supremo sobre a suposta trama golpista. Anteriormente, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, já havia se manifestado pela condenação de Bolsonaro e dos outros sete aliados. A sessão teve início na manhã desta terça-feira, e ainda aguarda os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin para sua conclusão. Assim sendo, o desfecho do processo é aguardado com grande expectativa pela sociedade e pelos observadores políticos.

Os Acusados na Trama Golpista

A lista de réus que respondem a estas acusações é composta por figuras proeminentes da política e das Forças Armadas durante o governo anterior. Entre os acusados, estão o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, bem como Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Ademais, figuram Anderson Torres, que foi ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Completam a lista Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice em 2022, e Mauro Cid, que atuou como ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Em suma, este grupo representa a cúpula que estaria envolvida na tentativa de desestabilização democrática do país.

Corrida Nas Pontes Edicao Brasilia