O ex-presidente Jair Bolsonaro não compareceu nesta terça-feira (9) ao aguardado julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde enfrenta acusações de liderar uma tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022. Seu advogado, Paulo Cunha Bueno, justificou a ausência citando a “debilidade” da saúde do político, uma condição que, segundo ele, impede o comparecimento mesmo que fosse a vontade do ex-mandatário.
O Início da Votação e as Justificativas para as Ausências
Assim, o advogado Paulo Cunha Bueno confirmou a ausência de Bolsonaro, alegando a falta de recomendação médica devido à saúde fragilizada do ex-presidente. Curiosamente, além de Bolsonaro, os outros sete réus igualmente não estiveram presentes no primeiro dia da fase de votação do julgamento. Esta etapa crucial ocorre presencialmente na sala da Primeira Turma do STF, marcando o reinício dos trabalhos que podem culminar na condenação do ex-presidente e de seus aliados. Este grupo é acusado de uma conspiração golpista, cujo objetivo era reverter o resultado do pleito de 2022. Dessa forma, a expectativa em torno dos desdobramentos processuais é particularmente elevada neste momento.
A Estrutura da Denúncia e o Andamento do Processo
O grupo de réus, que inclui Bolsonaro, é considerado o núcleo central da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Consequentemente, eles são identificados como as principais figuras envolvidas na suposta tentativa de golpe de Estado. O processo, por sua vez, teve início na semana anterior, quando as sustentações das defesas dos acusados foram ouvidas. Além disso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se favoravelmente à condenação de todos os envolvidos, reforçando a seriedade das acusações. Posteriormente, a partir desta terça-feira, a fase de votação é oficialmente inaugurada, representando um momento decisivo para o futuro dos réus. Portanto, as próximas sessões são consideradas cruciais para o desfecho do caso.
Cronograma e Participação dos Ministros na Votação
Para garantir a conclusão do julgamento, as sessões dos dias 10, 11 e 12 de setembro também foram reservadas para este fim. Ao longo dessas datas, os ministros da Primeira Turma do STF proferirão seus votos seguindo uma ordem preestabelecida. Primeiramente, o relator, ministro Alexandre de Moraes, apresentará seu parecer. Em seguida, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, finalmente, o presidente do colegiado e da sessão, ministro Cristiano Zanin, registrarão suas decisões. Este rito processual assegura a análise individualizada de cada caso, ainda que a expectativa por um desfecho conjunto permeie o ambiente jurídico e político.
Os Oito Acusados no Centro da Polêmica
A denúncia da PGR, por conseguinte, aponta um total de oito indivíduos como participantes ativos na alegada trama golpista. Entre os acusados, destaca-se o próprio Jair Bolsonaro, que ocupava a Presidência da República na época dos fatos. Além dele, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também figura na lista. Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, é outro nome de peso envolvido nas acusações. Anderson Torres, que serviu como ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, enfrenta denúncias sérias. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), completa parte do rol de ex-ministros acusados. Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Braga Netto, também ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, são outros integrantes do grupo. Por fim, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, encerra a lista dos réus. Dessa forma, a composição dos acusados revela a abrangência dos supostos envolvidos no plano.
Crimes Apontados pela Procuradoria-Geral da República e a Situação de Ramagem
Os réus, com exceção de um, respondem coletivamente por uma série de crimes graves imputados pela Procuradoria-Geral da República. Primeiramente, são acusados de organização criminosa armada. Ademais, enfrentam denúncias por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Por fim, também são imputados os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado, evidenciando a gravidade das acusações. Entretanto, uma particularidade se aplica a Alexandre Ramagem, que atualmente ocupa o cargo de deputado federal. Ele se beneficia de uma suspensão parcial das acusações, respondendo somente a três dos cinco crimes originais. Esta prerrogativa está prevista na Constituição Federal, concedida a parlamentares em certas condições. Assim sendo, os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado – todos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro – foram suspensos em seu caso. Portanto, a complexidade jurídica do julgamento é evidente, com nuances para cada acusado.