O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), utilizou suas plataformas digitais para veementemente defender a Corte, refutando as acusações de uma suposta “ditadura da toga”. Ele também alertou que transgressões contra a ordem democrática são absolutamente imperdoáveis, uma declaração que surge em meio a recentes manifestações favoráveis à anistia de indivíduos envolvidos em atos considerados antidemocráticos.
A Defesa Institucional e o Papel do STF
Em uma publicação compartilhada no início da noite na rede social X, o ministro Gilmar Mendes enfatizou o papel crucial do Supremo Tribunal Federal como o guardião incansável da Constituição Federal e do Estado de Direito no Brasil. Segundo ele, a atuação da Corte é fundamental para impedir qualquer retrocesso nas conquistas democráticas e, consequentemente, preservar as garantias fundamentais asseguradas a todos os cidadãos.
Nesse sentido, e em um momento propício, considerando o Dia da Independência, Mendes reforçou sua perspectiva. Ele escreveu que a verdadeira liberdade não se manifesta por meio de ataques às instituições democráticas, mas sim pelo seu robustecimento e proteção. Essa declaração foi proferida poucas horas depois de eventos organizados por políticos de direita e grupos religiosos terem reunido milhares de pessoas, que expressaram apoio à anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro, bem como de condenados pelos eventos de 8 de janeiro e por pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Rejeição à “Ditadura da Toga” e as Garantias Constitucionais
O ministro Gilmar Mendes foi categórico ao refutar as alegações de uma “ditadura da toga” no Brasil, bem como a ideia de que ministros estariam agindo de forma tirânica. Pelo contrário, conforme sua argumentação, os membros da Corte têm atuado com o propósito primordial de salvaguardar as garantias fundamentais. Ou seja, eles se dedicam a assegurar os direitos e as proteções inscritas na Constituição Federal para cada brasileiro, fortalecendo a segurança jurídica e a estabilidade do sistema.
Portanto, a atuação do STF, na visão de Mendes, não representa um desvio autoritário, mas sim um compromisso inabalável com os princípios democráticos e a proteção dos direitos civis. Além disso, a manutenção dessas garantias é vista como essencial para a coesão social e a confiança nas instituições.
Críticas Veladas e o Histórico Recente do País
Sem mencionar nomes específicos, o ministro Mendes dirigiu críticas que aludiam diretamente à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele fez menção às repetidas objeções apresentadas pelo antigo chefe do Executivo e seus apoiadores ao sistema eleitoral brasileiro, que culminaram em questionamentos sobre a legitimidade do processo democrático. Da mesma forma, ressaltou a controversa gestão da pandemia de COVID-19 pelo governo Bolsonaro, que resultou em milhares de vidas perdidas e na negligência deliberada de vacinas, fatos que geraram ampla repercussão e críticas nacionais e internacionais.
Em seguida, Mendes recordou outros episódios que, segundo ele, demonstram os perigos do autoritarismo. Dentre eles, destacou as ameaças à separação dos Poderes e ao próprio sistema eleitoral, os acampamentos instalados em frente a quartéis militares com pedidos de intervenção e, mais gravemente, a tentativa de golpe de Estado, que incluiu violência e destruição do patrimônio público. Posteriormente, ele adicionou à lista a menção a planos de assassinato contra autoridades da República, pintando um quadro sombrio de um passado recente que, em sua análise, não pode ser ignorado.
Confronto de Narrativas: O Posicionamento de Tarcísio de Freitas
Ainda na mesma jornada, um evento marcante ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo. O governador Tarcísio de Freitas, presente no ato, não hesitou em classificar a atuação do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator da ação penal referente à tentativa de golpe de Estado, como uma “tirania”. Freitas expressou abertamente seu descontentamento, afirmando que “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que tá acontecendo nesse país.” Essa declaração sublinha uma clara divergência de visões sobre a autonomia e os limites do Poder Judiciário, especialmente em casos de alta repercussão política.
Por outro lado, as palavras de Mendes representam uma contra-narrativa, enfatizando a necessidade de preservar as instituições contra ataques que, em sua perspectiva, visam desestabilizar a democracia. Essa polarização reflete o atual cenário político e social, onde a interpretação dos papéis dos diferentes poderes é constantemente debatida.
A Inflexibilidade Diante de Crimes Contra a Democracia
Em sua conclusão, o ministro Gilmar Mendes reiterou com veemência que o que o Brasil realmente não suporta mais são as contínuas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a estabilidade democrática e a liberdade do povo. Portanto, ele enfatizou a necessidade imperativa de reafirmar um princípio fundamental: crimes contra o Estado Democrático de Direito são absolutamente insuscetíveis de perdão. É crucial, na visão de Mendes, que as instituições atuem com rigor na punição desses delitos, garantindo assim que tais episódios nefastos jamais se repitam no futuro.