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Senado licencia Marcos do Val por 115 dias para ‘saúde’ sob investigação do STF

Senado oficializa licença de 115 dias para Marcos do Val por "saúde". Ele segue investigado pelo STF por tentar anular eleições e intimidar a Polícia Federal.
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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O Senado Federal oficializou, nesta quinta-feira (4), o afastamento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) de suas atividades legislativas. A licença, que terá duração de 115 dias, foi concedida sob a justificativa de “tratamento de saúde”. Paralelamente, o parlamentar permanece sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas tentativas de anular as eleições de 2022 e de intimidar a Polícia Federal.

Afastamento Legislativo e as Investigações Pendentes

A Junta Médica da Casa Legislativa aprovou o pedido de licença do senador capixaba. É importante salientar que, mesmo afastado, Marcos do Val continuará recebendo seu salário integral. Entretanto, o período de recesso das atividades parlamentares ocorre em um momento crucial, visto que ele figura como investigado em processos de alta sensibilidade no STF.

As acusações que pesam contra o senador são sérias e multifacetadas. Primeiramente, ele é suspeito de promover uma campanha visando intimidar e constranger policiais federais que atuam em investigações em andamento no Supremo Tribunal. Além disso, há indícios de que o parlamentar teria arquitetado um plano para tentar anular os resultados das eleições gerais de 2022, um fato de grande repercussão institucional.

Conforme explicado pelo próprio Supremo Tribunal Federal, os atos investigados estão intrinsecamente ligados a uma campanha de ataques institucionais direcionados tanto ao STF quanto à Polícia Federal. Adicionalmente, as acusações incluem a divulgação de dados pessoais de delegados que estão diretamente envolvidos em inquéritos da Corte, o que agrava a situação do senador.

Justificativas Pessoais e Medidas Cautelares Anteriores

Em uma nota divulgada no final do mês anterior, Marcos do Val apresentou uma justificativa pessoal para o seu pedido de licença. O senador alegou que sua decisão de se afastar temporariamente visava dedicar-se integralmente à sua família em um momento delicado. Ele explicou, por meio de uma publicação em suas redes sociais, que precisava estar ao lado de sua mãe, que luta contra o câncer, e de seu pai, que havia passado por uma cirurgia delicada. Ademais, mencionou a necessidade de maior presença para sua filha durante uma fase importante de sua adolescência, expressando seu amor incondicional.

Anteriormente, o senador enfrentou severas medidas cautelares. Ele foi obrigado a utilizar uma tornozeleira eletrônica e teve suas contas bancárias bloqueadas após descumprir uma decisão do Supremo que o proibia de deixar o país. Na ocasião, Marcos do Val viajou para os Estados Unidos, o que resultou na imposição dessas restrições. Posteriormente, um acordo significativo foi costurado entre o Senado Federal e o STF, resultando na suspensão de parte das limitações impostas ao parlamentar, mitigando algumas das sanções mais restritivas.

Retomada de Atividades e Limitações Persistentes

Como resultado do acordo firmado, o senador Marcos do Val conseguiu retomar algumas de suas atividades. Ele teve permissão para voltar a utilizar suas redes sociais, sob a condição explícita de não proferir ataques ao Estado Democrático de Direito ou às instituições. Além disso, suas contas bancárias foram desbloqueadas e o pagamento de seu salário foi restabelecido, garantindo sua remuneração durante o mandato.

Entretanto, nem todas as restrições foram levantadas. A proibição de Marcos do Val deixar o território brasileiro foi mantida, configurando uma limitação persistente imposta pela Justiça. Curiosamente, o próprio pedido de licença do senador foi um dos fatores considerados pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, ao proferir a decisão de suspender parte das sanções anteriormente aplicadas.

De acordo com o documento oficial do STF, a petição apresentada pela advocacia do Senado Federal continha uma cópia do pedido de licença que Marcos do Val havia encaminhado ao presidente do Senado Federal. Neste documento, o senador salientava sua incapacidade temporária para exercer o mandato de senador da República e, notavelmente, expressava seu respeito pelo Estado Democrático de Direito e pelas instituições democráticas, um ponto crucial para a flexibilização das medidas cautelares.

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