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Calor extremo: ONU alerta para impacto na saúde e produtividade de 2,4 bi de trabalhadores

A ONU alertou nesta sexta-feira (22) que o calor extremo afeta a saúde e reduz a produtividade de 2,4 bilhões de trabalhadores globalmente, com perdas de 2-3% por grau acima de 20°C.
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Foto: José Paulo Lacerda/CNI/Direitos reservados

A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta nesta sexta-feira (22), destacando o impacto severo do calor extremo na força de trabalho global. Conforme a organização, cerca de 2,4 bilhões de trabalhadores em todo o mundo enfrentam riscos à saúde e uma considerável redução na produtividade devido às altas temperaturas. Especificamente, a produtividade diminui entre 2% e 3% para cada grau Celsius que excede os 20°C, um limiar preocupante em face das crescentes ondas de calor.

O Alerta Global e Seus Impactos na Produtividade

Um relatório detalhado, intitulado “Alterações climáticas e stress térmico no local de trabalho”, fruto de uma colaboração entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), evidencia os perigos que o calor excessivo impõe. O documento enfatiza que a frequência e a intensidade dos episódios de calor extremo têm se intensificado globalmente, o que, por sua vez, agrava a situação laboral. Ademais, a queda na produtividade não é apenas um problema operacional; ela reflete um desafio substancial para a saúde e bem-estar dos indivíduos.

Além da diminuição do rendimento, as organizações alertam que aproximadamente metade da população mundial já sofre as consequências adversas das temperaturas elevadas. Essa realidade impõe não apenas desafios imediatos, mas também compromete a segurança econômica a longo prazo de milhões de pessoas. Em suma, o cenário delineado é de uma ameaça crescente que demanda atenção e ação urgentes em todos os níveis.

Riscos Graves para a Saúde dos Trabalhadores

Os perigos associados às ondas de calor estendem-se tanto aos trabalhadores que atuam em ambientes externos quanto àqueles que desempenham suas funções em locais fechados. O relatório aponta para uma série de condições de saúde graves, incluindo, por exemplo, insolação, desidratação severa, disfunção renal e distúrbios neurológicos. Todas essas condições podem ter um impacto devastador na vida dos trabalhadores, prejudicando a saúde e a segurança econômica a longo prazo.

Conforme dados recentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o calor excessivo já é responsável por mais de 22,85 milhões de lesões laborais em escala global. Jeremy Farrar, diretor-geral adjunto da OMS para a promoção da saúde e prevenção de doenças, reiterou essa preocupação. Ele afirmou que “o stress térmico já prejudica a saúde e os meios de subsistência de milhões de trabalhadores, especialmente nas comunidades mais vulneráveis”. Ele acrescentou, no entanto, que a análise conjunta “oferece soluções práticas e baseadas em provas para proteger vidas, reduzir a desigualdade e conseguir forças de trabalho mais resilientes” diante do aquecimento global.

Vozes de Especialistas e o Cenário Climático Atual

O ano de 2024, de acordo com a OMM, tem caminhado para ser um dos mais quentes já registrados, com temperaturas diurnas que frequentemente superam os 40°C e, em alguns casos, atingem 50°C, tornando-se cada vez mais comuns. Esses dados, portanto, são indicativos da necessidade imperativa de ações imediatas para enfrentar o impacto crescente do stress térmico nos trabalhadores em todo o planeta.

Ko Barrett, secretária-geral adjunta da OMM, sublinhou que “o stress térmico no trabalho tornou-se um desafio social global, que já não se limita aos países localizados perto do Equador”. Como exemplo disso, ela citou a recente onda de calor que assolou a Europa. Por conseguinte, Ko Barrett enfatizou que “a proteção dos trabalhadores contra o calor extremo não é apenas um imperativo de saúde, mas também uma necessidade econômica”, destacando a dupla dimensão do problema.

Recomendações Cruciais para Mitigação

Diante do panorama preocupante, o relatório em questão apresenta uma série de recomendações práticas para governos, empregadores e autoridades de saúde. Em primeiro lugar, sugere o desenvolvimento de políticas de saúde com planos específicos. Estes planos devem considerar os padrões climáticos locais, as características dos diferentes locais de trabalho e, principalmente, as vulnerabilidades dos trabalhadores, com foco especial em idosos, indivíduos com problemas de saúde crônicos e aqueles menos aptos fisicamente.

Adicionalmente, o documento aconselha a educação e a sensibilização de socorristas, profissionais de saúde, empregadores e dos próprios trabalhadores. O objetivo é que todos possam reconhecer e tratar adequadamente os casos de stress térmico. Além disso, é crucial envolver todas as partes interessadas, como trabalhadores, sindicatos, especialistas e autoridades locais, na criação de “estratégias de saúde térmica”. Finalmente, o relatório preconiza a adoção de tecnologias capazes de proteger a saúde ao mesmo tempo em que mantêm a produtividade, e a promoção de mais pesquisas e avaliações sobre as medidas implementadas.

Chamado Urgente por Ação Coordenada

Joaquim Pintado Nunes, responsável da OIT pelas questões de segurança e saúde no trabalho, descreveu o relatório como “um marco fundamental na nossa resposta coletiva à crescente ameaça do calor extremo no mundo do trabalho”. Ele enfatizou que a OIT, em conjunto com a OMS e a OMM, lança um apelo veemente. Dessa forma, as organizações clamam “a uma ação urgente e coordenada para salvaguardar a saúde, a segurança e a dignidade dos mais de 2,4 mil milhões de trabalhadores expostos ao calor excessivo em todo o mundo”. Portanto, a colaboração internacional e a implementação de políticas eficazes são vistas como pilares essenciais para enfrentar esse desafio global iminente.

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