O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um evento realizado nesta quinta-feira (14) na cidade de Recife, contestou veementemente as declarações do ex-mandatário norte-americano Donald Trump. Trump havia classificado o Brasil como um “mau parceiro comercial”, contudo, Lula rebateu a acusação, desmentindo a alegação de prejuízo e destacando que, na verdade, os Estados Unidos obtiveram um lucro substancial de US$ 410 bilhões em sua balança comercial com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos.
Lula Contesta Narrativa de Prejuízo no Comércio Bilateral
Durante sua participação na cerimônia de entrega de títulos de terra em Brasília Teimosa, um bairro periférico da capital pernambucana, o líder brasileiro refutou diretamente a tese de Trump. Lula enfatizou que a afirmação de que os Estados Unidos teriam prejuízo nas trocas comerciais com o Brasil é infundada. “Ele [Trump] decidiu propagar algumas inverdades sobre o Brasil, e nós estamos prontos para desmenti-las. Ele alegou ter perdas no comércio conosco, mas a verdade é que eles sempre registraram lucros”, afirmou o presidente.
Ademais, para contextualizar a prosperidade das relações comerciais bilaterais, o presidente brasileiro apresentou o dado que comprova o lucro acumulado pelos Estados Unidos em mais de quatrocentos bilhões de dólares no período analisado. “É uma falácia quando o ex-presidente norte-americano declara que o Brasil não é um parceiro comercial adequado. Quero assegurar, especialmente aos cidadãos menos favorecidos deste país, que nosso desejo de negociar e prosperar em conjunto permanece inalterado”, reiterou Lula, reforçando o compromisso com a parceria.
Trump Acusa Brasil e Critica Sistema Judicial
Anteriormente no mesmo dia, Donald Trump havia manifestado publicamente seu descontentamento com as tarifas brasileiras, caracterizando o Brasil como um “parceiro comercial terrível”. Segundo informações divulgadas pela Agência Reuters, Trump criticou abertamente a estrutura tarifária entre as duas nações. “Conforme sabem, eles nos impõem tarifas exorbitantes, significativamente superiores às que nós impúnhamos a eles. Essencialmente, não cobrávamos nada”, alegou o ex-presidente dos EUA, justificando sua visão negativa.
Entretanto, as críticas de Trump não se limitaram ao âmbito comercial. No evento em Recife, Lula também abordou o posicionamento do ex-mandatário americano em relação ao sistema jurídico brasileiro. Trump insinuou que o Brasil não estaria seguindo os ritos legais de maneira apropriada, mencionando especificamente o processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a Reuters, Trump chegou a sugerir que Bolsonaro estaria sendo alvo de uma “execução política”. Consequentemente, o ex-presidente norte-americano justificou o aumento das tarifas comerciais para 50% sobre produtos brasileiros, alegando que essa medida seria uma resposta à suposta “perseguição política” em curso no Brasil. “Agora eles são taxados em 50% e, apesar de não estarem satisfeitos, é assim que as coisas se apresentam”, declarou Trump, reiterando sua posição controversa.
A Posição Brasileira Frente às Controvérsias
Em suma, a fala de Lula em Recife reforça a postura do governo brasileiro em desmistificar as acusações de Trump, buscando demonstrar a solidez e a vantagem mútua das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O presidente brasileiro, portanto, não apenas defendeu o histórico comercial do país, mas também repudiou qualquer insinuação sobre irregularidades no sistema judiciário nacional. Dessa forma, a administração brasileira procura assegurar a soberania e a integridade de suas instituições, ao mesmo tempo em que reitera seu compromisso com o comércio internacional justo e benéfico para ambas as partes.
Por outro lado, as declarações de Trump, ao vincular questões comerciais a processos judiciais internos do Brasil, evidenciam uma tentativa de pressão política que o governo Lula tem demonstrado intenção de rebater com dados concretos e defesa da autonomia nacional. Ademais, a transparência sobre os lucros americanos no comércio com o Brasil serve como um argumento central para dissipar as alegações de que o país sul-americano seria um parceiro desfavorável, fortalecendo a narrativa de um relacionamento equilibrado.