Edição Brasília

Lula defende China e rebate EUA em inauguração de montadora chinesa

Em Iracemápolis (SP), o presidente Lula defendeu a parceria com a China e criticou os EUA durante a inauguração da primeira montadora da GWM no Hemisfério Sul.
Lula defende China rebate EUA
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a inauguração da primeira montadora da GWM (Great Wall Motor) no Hemisfério Sul, localizada em Iracemápolis (SP), como palco para reafirmar a parceria estratégica do Brasil com a China e, ao mesmo tempo, direcionar críticas contundentes aos Estados Unidos. Durante o evento, o chefe do executivo brasileiro elogiou o gigante asiático, classificando-o como o principal parceiro comercial do país, enquanto refutava as alegações que, em sua visão, visavam prejudicar a imagem do Brasil no cenário global.

Elogios à China e Investimento Bilionário

Participando da cerimônia de abertura da fábrica da GWM, focada na produção de veículos elétricos e híbridos, a aproximadamente 160 km da capital paulista, o presidente Lula destacou a importância das relações comerciais com a China. Nesse contexto, ele enfatizou a necessidade de combater narrativas consideradas falsas, que tentam descreditar o Brasil internacionalmente. “Não podemos aceitar a criação de uma imagem distorcida contra uma nação como o Brasil, que não possui litígios globais”, declarou o presidente. Além disso, a empresa chinesa planeja um robusto investimento de R$ 4 bilhões no Brasil até 2026, englobando a recente abertura da unidade. Subsequentemente, entre os anos de 2027 e 2032, a expectativa é de um aporte adicional de R$ 6 bilhões. Portanto, Lula reforçou a importância da China como o principal parceiro comercial e defendeu a busca pelo reequilíbrio do comércio mundial, com o retorno do multilateralismo nas relações econômicas.

Posicionamento Internacional e Rebatendo Críticas

O presidente argumentou que o Brasil se consolidou como um aliado da China na busca por um mundo mais equitativo e um planeta mais sustentável. Para ilustrar essa relevância, ele comparou os volumes comerciais: o intercâmbio entre Brasil e China atinge a marca de US$ 160 bilhões, um valor significativamente superior aos US$ 80 bilhões registrados com os Estados Unidos. Posteriormente, Lula abordou a “turbulência desnecessária” que o Brasil enfrentava, atribuindo-a, em parte, a declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump. “É inaceitável que um presidente de um país tão grande quanto os Estados Unidos crie tantas inverdades sobre o Brasil, tentando passar a ideia de que somos um parceiro comercial difícil”, afirmou, reiterando a falsidade de tais afirmações. Assim, o presidente fez um apelo para que mais empresas chinesas investissem no Brasil, visando a geração de empregos. Ele recordou que, ao deixar a presidência em 2010, o país comercializava 3,6 milhões de veículos, número que, mais de uma década depois, havia caído para 1,6 milhão. Dessa forma, Lula justificou os esforços do governo em recuperar a indústria automotiva por meio de políticas de crédito. Finalmente, o presidente defendeu a equidade no comércio global, rejeitando a ideia de que nações maiores possam “sufocar” economias menores, pois o comércio justo, para ele, pressupõe regras estabelecidas em igualdade de condições para todos.

Impacto da GWM e Perspectivas para a Indústria Automotiva

Lamentando a saída da montadora norte-americana Ford do Brasil em 2021, o presidente Lula celebrou a chegada da GWM, enxergando na visão chinesa uma oportunidade para o país. “Vamos aproveitar essa perspectiva dos chineses de expandir sua presença global, vendendo, produzindo e compartilhando conhecimento”, declarou. Em seguida, dirigindo-se aos diretores da empresa chinesa, Lula os incentivou a transformar o Brasil em uma base estratégica de vendas para toda a América Latina, garantindo que o país estaria de “braços e coração abertos” para novos investimentos. O vice-presidente Geraldo Alckmin, também presente no evento, reforçou o potencial do Brasil, que possui a oitava maior indústria automotiva do mundo e já atraiu sete novas montadoras. Ele elogiou a GWM por incluir um centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação em sua estrutura. Ademais, Alckmin detalhou o impacto nos empregos: a fábrica gerará 700 postos de trabalho inicialmente, expandindo para 1.300 até o início do próximo ano, além de aproximadamente 10 mil empregos indiretos. Para contextualizar o cenário favorável, o vice-presidente citou o crescimento da indústria automotiva brasileira em 9,3% no ano anterior, contrastando com a média global de 2%, e o aumento de 14,1% nas vendas de veículos, impulsionado pelo ganho de massa salarial e a queda do desemprego.

O Compromisso da GWM com o Brasil e a América Latina

Mu Feng, presidente da GWM, enfatizou que a nova fábrica representa mais do que um mero compromisso com o mercado brasileiro; ela simboliza um ponto de partida para a construção de um futuro promissor com os parceiros latino-americanos. A empresa, que já possui atuação em 170 países, enxerga grande potencial no Brasil. “O Brasil possui uma base industrial robusta e uma excelente capacidade de integração regional”, afirmou Mu Feng, complementando que “o compromisso do governo e dos consumidores brasileiros com a inovação, qualidade e sustentabilidade está plenamente alinhado aos nossos valores”. O executivo garantiu, ainda, que o respeito aos direitos trabalhistas e a responsabilidade corporativa são princípios inegociáveis da GWM. Em conclusão, a inauguração da GWM não apenas reforça a capacidade industrial brasileira, mas também sinaliza a continuidade e o aprofundamento de relações estratégicas que moldarão o futuro econômico do país na região.

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