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China abre portas para 183 empresas de café do Brasil após tarifa dos EUA

Em resposta ao tarifaço dos EUA, a China abriu seu mercado para 183 empresas brasileiras de café, com a medida valendo a partir de 30 de julho.
Café Brasil China
Foto: Cristina Indio do Brasil

A China anunciou a abertura de seu mercado para 183 empresas brasileiras de café, em uma medida que entrou em vigor no dia 30 de julho. Esta decisão surge como uma resposta direta à imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre as importações de café do Brasil, formalizada na mesma data. A Embaixada da China no Brasil divulgou a novidade através de suas redes sociais, destacando a validade de cinco anos para as habilitações concedidas.

O Contexto da Tarifa Americana e Seus Impactos

Este movimento chinês ocorre em um período de grande incerteza para os exportadores de café brasileiros. O governo de Donald Trump determinou que, a partir de 6 de agosto, o café do Brasil passará a ser taxado em 50% ao entrar nos Estados Unidos. Historicamente, os EUA representam o principal mercado para o café brasileiro, absorvendo cerca de 23% do volume total exportado em 2024, especialmente da variedade arábica, crucial para a indústria de torrefação local.

No primeiro semestre de 2025, as exportações de café para o mercado americano totalizaram impressionantes 3.316.287 sacas de 60 quilos. Em contraste, a China, que atualmente ocupa a décima posição entre os compradores, importou 529.709 sacas no mesmo período, um volume 6,2 vezes menor que o enviado aos EUA. Esses dados são fornecidos pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Potencial de Crescimento no Mercado Chinês

Embora o volume atual de exportações para a China seja consideravelmente menor, o país asiático apresenta um gigantesco potencial de expansão para o café. Uma publicação anterior da Embaixada da China já havia revelado que as importações líquidas de café no país cresceram 13,08 mil toneladas entre 2020 e 2024. Além disso, o consumo per capita de café na China é de apenas 16 xícaras por ano, drasticamente abaixo da média global de 240 xícaras. Portanto, a publicação da embaixada celebrou que “o café tem conquistado espaço no dia a dia dos chineses”, sinalizando uma tendência de crescimento significativa.

Ademais, a abertura para 183 novas empresas brasileiras pode acelerar essa tendência, oferecendo novas oportunidades para os produtores que agora enfrentam barreiras em seu principal mercado. O Ministério da Agricultura e o Cecafé, no entanto, ainda não se manifestaram oficialmente sobre as recentes movimentações.

Desafios e Estratégias para o Setor Cafeeiro

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), alertam que os produtores brasileiros podem ser forçados a redirecionar parte de sua produção para outros mercados. Consequentemente, essa adaptação exigirá “agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”, conforme análise dos especialistas.

A medida protecionista dos EUA, conhecida como “tarifaço”, foi oficializada por meio de uma Ordem Executiva assinada por Donald Trump. Embora o documento tenha estabelecido cerca de 700 exceções para a taxação – incluindo produtos como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis –, o café foi expressamente excluído desta lista de isenções. Diante disso, o Cecafé declarou que continuará em negociações para que o café seja incluído futuramente entre os produtos brasileiros não taxados, buscando proteger a competitividade do setor.

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