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Tarifaço dos EUA é ‘contraproducente’, diz ministro; Brasil abre novos mercados

Ministro Silvio Costa Filho classificou tarifaço dos EUA como "contraproducente" em Recife, afirmando que Brasil busca novos mercados para amenizar impactos.
Brasil abre mercados
Foto: Ministro Silvio Costa Filho/ X

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, classificou recentemente as medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos como “contraproducentes”, em uma clara crítica à fusão de agendas políticas e econômicas nas relações bilaterais. Durante um evento em Recife, o ministro destacou que, embora as tarifas americanas possam ter um impacto negativo no emprego, o Brasil já está ativamente em busca de novas rotas comerciais e mercados para seus produtos, visando mitigar quaisquer efeitos adversos.

Críticas à Estratégia Comercial Americana

Participando do seminário Esfera Infra no último sábado (9), Silvio Costa Filho expressou sua preocupação com a forma como os Estados Unidos estão utilizando o que ele chamou de “tarifaço”. Segundo o ministro, essa abordagem, que ele percebe como uma mistura de decisões econômicas com interesses políticos específicos, especialmente aqueles ligados a segmentos ideológicos mais radicais, é prejudicial. Ele enfatizou que a geração de empregos não é uma questão partidária, mas um direito do povo brasileiro, e que milhares de empresas nacionais estão sendo diretamente afetadas por essa tributação.

Além disso, Costa Filho dividiu o palco com outros importantes membros do governo no evento. Estavam presentes também o ministro das Cidades, Jader Filho, e o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho. A discussão central girou em torno dos desafios e das estratégias para o desenvolvimento da infraestrutura e das relações comerciais do Brasil.

Expansão de Mercados como Resposta Estratégica

O ministro de Portos e Aeroportos prosseguiu em sua análise, argumentando que as políticas implementadas nos Estados Unidos, especialmente durante o governo do ex-presidente Donald Trump, estão conduzindo o país a uma recessão, acompanhada de aumento do desemprego e da inflação. Essa situação, em sua visão, prejudica a economia global como um todo. Entretanto, ele também apontou um lado que pode ser considerado positivo para o Brasil.

Por outro lado, a imposição dessas tarifas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros acabou por fortalecer e acelerar a estratégia nacional de diversificar seus destinos comerciais. Consequentemente, o governo brasileiro tem intensificado a busca por mercados alternativos. Costa Filho ressaltou que, em um período de menos de dois anos e meio, a atual gestão abriu mais de 390 novos mercados para produtos brasileiros.

Em sua percepção, embora o Brasil não desejasse tal cenário, a decisão americana serve como um “momento de reflexão”. Portanto, o próprio setor produtivo brasileiro será incentivado a intensificar o processo de abertura de novos mercados, direcionando-se principalmente para a Ásia, Europa e outras regiões globais. Essa é uma demonstração de resiliência e adaptabilidade diante de um contexto internacional desafiador.

Visões e Expectativas de Outros Ministros

No mesmo seminário, o ministro das Cidades, Jader Filho, expressou sua esperança de que pressões internas nos Estados Unidos levem a uma revisão das políticas externas do país. Ele acredita que figuras influentes no cenário americano intervirão para “baixar a bola” e conter o que ele descreveu como uma “loucura” na política internacional norte-americana. Essa expectativa reflete um desejo por uma abordagem mais moderada e previsível por parte dos EUA.

Ademais, o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, também presente no evento, chamou a atenção para uma questão relevante: a suspensão, durante o governo Trump, de certas legislações americanas que previam sanções a empresas dos EUA envolvidas em corrupção com servidores públicos de outras nações. Segundo Carvalho, tal medida representa um retrocesso em esforços globais contra a corrupção.

Em contraste, o Brasil, desde o fim da ditadura militar, tem demonstrado um compromisso contínuo com a construção de instituições robustas. Essas instituições são dedicadas à cooperação internacional e à governança multilateral de diversas agendas, incluindo o combate à corrupção. Carvalho explicou que o enfrentamento à corrupção no Brasil se baseia em três pilares fundamentais: transparência, supervisão e sanções. Tudo isso ocorre em um contexto de fortalecimento das capacidades estatais e, igualmente importante, com a participação ativa da sociedade civil.

Em suma, a reunião dos ministros em Recife sublinhou a determinação do Brasil em navegar por um cenário global complexo, transformando desafios em oportunidades e reforçando sua posição estratégica no comércio internacional e na governança.

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