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Palácio Gustavo Capanema reabre ao público no Rio nesta quinta

O Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio, reabre nesta quinta (7) para visitas públicas, com agendamento online e mediação de estudantes.
Palácio Gustavo Capanema visitas
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Palácio Gustavo Capanema, um dos mais emblemáticos marcos arquitetônicos do centro do Rio de Janeiro, reabrirá suas portas ao público nesta quinta-feira (7). A iniciativa, que visa proporcionar visitas educativas, conta com o agendamento online e a valiosa mediação de estudantes universitários, resultado de uma colaboração entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ).

Agendamento e Modalidades de Visita

O processo de agendamento para as visitas já está disponível desde esta quarta-feira (6), diretamente no portal oficial do Ministério da Cultura. Os interessados podem optar por modalidades individuais ou em grupo, facilitando a organização para diferentes tipos de visitantes. As visitas serão realizadas exclusivamente às quintas e sextas-feiras, com horários predefinidos às 9h, 11h30, 14h e 15h30. Ademais, para atender à demanda de turistas e visitantes estrangeiros, o palácio oferece a opção de visitas guiadas em inglês. Nesse sentido, os horários específicos para a língua inglesa são às quintas-feiras, às 11h30, e às sextas-feiras, às 15h30. Contudo, é fundamental que a marcação seja efetuada com uma antecedência mínima de 24 horas, garantindo a organização e o bom fluxo das atividades no local.

Um Símbolo da Arquitetura e Cultura Brasileira

A reabertura do Palácio Gustavo Capanema é vista como um passo crucial para reconectar o Brasil com um de seus maiores símbolos históricos e culturais. De acordo com uma nota do Ministério da Cultura, a ministra Margareth Menezes enfatizou que a iniciativa permite que o público se reaproprie de um patrimônio de valor inestimável. Construído entre 1937 e 1945, este edifício de dezesseis pavimentos foi inicialmente concebido para sediar o Ministério da Educação e Saúde Pública. Consequentemente, ele se consolidou como um marco vanguardista da arquitetura moderna, não apenas no Brasil, mas em escala global. Seu projeto foi liderado por Lúcio Costa, com a colaboração notável de Oscar Niemeyer, e contou com a consultoria do renomado arquiteto, urbanista, escultor e pintor suíço-francês Le Corbusier. Além de sua relevância arquitetônica, o espaço abriga obras de arte de mestres como Cândido Portinari, Burle Marx e Bruno Giorgi, entre outros artistas, conferindo-lhe um profundo valor simbólico e histórico. De fato, sua importância foi oficialmente reconhecida em 1948, quando foi inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes. O diretor do departamento de patrimônio material do Iphan, o arquiteto Andrei Rosenthal Schlee, ressaltou que o palácio transcende a definição de um prédio comum. Ele é, segundo Schlee, “um prédio brasileiro”, onde os arquitetos buscaram referências profundas na tradição nacional para conferir-lhe um caráter genuinamente brasileiro.

A Revitalização e o Novo Propósito

Situado em uma área abrangente de 27.536 metros quadrados, o Palácio Capanema passou por um extenso processo de obras de conservação e modernização. Essas intervenções, que tiveram início em fevereiro de 2019, enfrentaram interrupções ao longo do caminho, mas foram concluídas e o prédio reaberto em 20 de maio de 2025. O foco principal da reforma foi a restauração da estrutura original e a preservação do inestimável valor histórico do edifício. Para tanto, o governo federal investiu um montante significativo de R$ 84,3 milhões, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Com a conclusão das obras, o Palácio Gustavo Capanema agora abriga diversas unidades de órgãos vinculados ao Ministério da Cultura. Entre eles, destacam-se o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Biblioteca Nacional do Brasil, a Casa de Rui Barbosa e a Funarte, sendo esta última a única com sede permanente no local. Dessa forma, o edifício consolida-se como um verdadeiro polo da cultura nacional.

O Palácio como Bastion de Resistência

Ao longo de sua história, o Palácio Gustavo Capanema não foi apenas um centro administrativo ou cultural; ele também se estabeleceu como um palco fundamental para movimentos de resistência em defesa da cultura brasileira. Em 2016, por exemplo, o local foi o epicentro do movimento “Ocupa MinC”, uma ação organizada por artistas, profissionais da cultura e membros da sociedade civil que se opuseram à então proposta de extinção do Ministério da Cultura pelo governo Michel Temer. Durante essa manifestação histórica, renomados cantores e compositores como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Otto realizaram shows gratuitos nas instalações do palácio. Posteriormente, em 2021, novas manifestações ocorreram no edifício, dessa vez em protesto contra o desmonte do Ministério da Cultura e, notadamente, contra a inclusão do Capanema na lista de imóveis que seriam leiloados pelo governo de Jair Bolsonaro. A forte e negativa repercussão pública gerada pela tentativa de venda desse patrimônio cultural foi decisiva, levando o governo federal a retirar o Palácio do “feirão de imóveis”, garantindo sua preservação para as futuras gerações.