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Brasil sai do Mapa da Fome; Lula pede política de Estado e emociona-se

Ao celebrar a saída do Brasil do Mapa da Fome nesta terça (5), o presidente Lula destacou a necessidade de políticas de Estado e emocionou-se ao lembrar suas próprias dificuldades com a fome.
Brasil sai Mapa Fome
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou profunda emoção e enfatizou a necessidade de políticas de Estado robustas para erradicar a fome no Brasil, ao celebrar a recente saída do país do Mapa da Fome nesta terça-feira (5). A ocasião marcou não apenas um avanço significativo para a segurança alimentar nacional, mas também um momento de reflexão pessoal para o chefe de Estado, que relembrou suas próprias vivências com a privação alimentar.

O Compromisso com Políticas Públicas e a Sociedade

No encerramento da reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o Presidente Lula sublinhou que a luta contra a fome exige um envolvimento governamental contínuo e a implementação de políticas públicas integradas. Ele argumentou que não se pode recorrer a soluções paliativas para um problema tão complexo; pelo contrário, é fundamental que haja um compromisso de Estado. Ademais, o presidente frisou a importância da participação de toda a sociedade nesse processo, pois somente com esforços coordenados é possível alcançar resultados duradouros e efetivos.

O Percurso do Brasil no Mapa da Fome da ONU

A saída do Brasil do Mapa da Fome foi confirmada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) na semana anterior. Este indicador global identifica nações onde mais de 2,5% da população sofre de subalimentação grave, caracterizando uma insegurança alimentar crônica. Historicamente, o Brasil havia alcançado um patamar de segurança alimentar, saindo do mapa em 2014. No entanto, o país retornou à lista entre os triênios de 2018 e 2020. Felizmente, no período de 2022 a 2024, a nação conseguiu, mais uma vez, reduzir o índice de subalimentação para abaixo dos 2,5%, indicando um progresso considerável na superação da fome.

A Sensibilidade dos Governantes e o Papel do Consea

O Presidente Lula criticou a aparente falta de sensibilidade de líderes mundiais diante da questão da fome. Adicionalmente, ele ressaltou a relevância crucial do Consea e da sociedade civil organizada para a conquista de resultados positivos. Segundo o presidente, cuidar verdadeiramente das pessoas em situação de vulnerabilidade transcende a razão, exigindo uma profunda empatia e uma conexão emocional com a realidade da fome. Ele ponderou que a fome não provoca uma dor imediata, mas sim uma corrosão interna, e que muitas pessoas, infelizmente, sentem vergonha de admitir sua condição.

A Memória Pessoal do Presidente com a Fome

Em um momento de profunda comoção, o Presidente Lula chorou ao compartilhar suas próprias experiências com a fome. Ele recordou situações em que, por não ter condições de levar marmita ou comprar um lanche, precisava fingir que não sentia fome no trabalho. Consequentemente, ele imaginava que era ele quem estava saboreando cada sanduíche de mortadela que seus colegas comiam. Essa vivência, que se repetiu em diversas ocasiões, revelou a profundidade de sua conexão pessoal com a causa e a razão de sua incessante luta por um Brasil sem fome.

A Relevância e a Atuação do Consea

O Consea, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, é um órgão consultivo vital para a Presidência da República, encarregado de auxiliar na formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas voltadas para a segurança alimentar e nutricional. Importante ressaltar que o Conselho foi desativado em 2019, mas foi restabelecido pelo Presidente Lula em 2023, demonstrando a prioridade dada ao tema. Durante o evento, a presidente do Consea, Elisabetta Recine, destacou a notável rapidez com que o Brasil conseguiu sair novamente do Mapa da Fome. Ela enfatizou que, apesar de o país ter enfrentado uma situação dramática anteriormente, a lição de como desenvolver e implementar políticas públicas integradas e focadas nos problemas mais urgentes não foi esquecida. Contudo, Recine alertou que, embora o progresso seja notável, o país ainda enfrenta o desafio de 7 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, reiterando a necessidade de que os programas governamentais cheguem de maneira integrada a essas populações.