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Tarifa dos EUA: Madeireira de SC dá férias coletivas a 500

Madeireira de Ipumirim, SC, coloca 500 funcionários em férias coletivas nesta terça (29) devido à nova tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros.
Tarifa EUA férias madeireira
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A significativa elevação da tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está gerando repercussões diretas no setor produtivo nacional. Consequentemente, uma madeireira de Ipumirim, em Santa Catarina, anunciou nesta terça-feira, dia 29, a concessão de férias coletivas para aproximadamente 500 funcionários. Esta medida reflete a urgente necessidade da empresa de ajustar suas operações diante da nova taxação de 50% sobre as exportações brasileiras para o mercado norte-americano, que representa a vasta maioria de suas vendas.

Impacto Imediato na Produção e Empregos

A decisão drástica da madeireira catarinense emerge logo após o anúncio do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a intenção de sobretaxar produtos importados do Brasil. Diante desse cenário de incerteza, empresas exportadoras brasileiras têm buscado estratégias para mitigar ou adiar o impacto financeiro da medida. A madeireira em questão, localizada no município de Ipumirim, é especializada na fabricação de molduras de madeira, destinando impressionantes 95% de sua produção para o mercado dos Estados Unidos.

Além disso, a suspensão de contratos de exportação que ainda não haviam sido despachados para os portos na semana anterior foi um fator determinante para a interrupção das atividades. Por conseguinte, a empresa viu-se obrigada a reduzir drasticamente suas operações. Em um comunicado oficial direcionado tanto ao mercado quanto aos seus colaboradores, o grupo explicou que a ação visa aguardar um possível entendimento entre os governos de Brasil e Estados Unidos. A expectativa é que um acordo seja alcançado, permitindo assim que as atividades comerciais sejam retomadas com a fluidez habitual, minimizando prejuízos a longo prazo.

Diversificação da Empresa e a Dependência Externa

Com um contingente de quase 500 colaboradores diretos, a paralisação afeta a grande maioria do quadro funcional. Apenas um setor específico, composto por cerca de 15 pessoas, permanecerá em atividade, provavelmente para funções essenciais de manutenção ou planejamento. Apesar do foco principal nas molduras, a madeireira possui uma linha de produção mais diversificada. A empresa também fabrica paletes, destinados majoritariamente ao mercado interno brasileiro.

Adicionalmente, ela produz portas de madeira e kits de portas prontas, que são comercializados tanto no Brasil quanto em países vizinhos como Uruguai e Paraguai. Entretanto, ao considerar a totalidade da produção da companhia, a proporção de negócios com os Estados Unidos ainda representa aproximadamente 50% de seu volume de comércio. Dessa forma, a dependência do mercado norte-americano é substancial, tornando a empresa particularmente vulnerável às flutuações e políticas comerciais externas.

O Cenário das Novas Tarifas Americanas

A iniciativa de elevar tarifas não foi exclusiva ao Brasil. Os Estados Unidos anunciaram que aplicariam novas taxas sobre produtos de diversos países. No entanto, o Brasil foi o país que recebeu a maior alíquota divulgada: uma sobretaxa de 50% sobre todas as suas exportações destinadas ao mercado americano. Esta medida gerou grande apreensão no cenário econômico e político brasileiro.

Em contrapartida, o então secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, trouxe uma pequena margem de esperança. Ele declarou, na mesma terça-feira do anúncio das férias coletivas, que certos produtos não cultivados em solo americano poderiam, teoricamente, ser isentos das tarifas de importação. Entre os exemplos citados estavam café, manga e abacaxi. Contudo, essa potencial isenção está condicionada à celebração de um acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos. Portanto, a resolução da crise tarifária e a retomada plena das operações da madeireira e de outras exportadoras brasileiras dependem diretamente das negociações diplomáticas entre os dois países, um processo que segue em andamento e define o futuro próximo de muitas indústrias.