A Suprema Corte brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF), referendou nesta sexta-feira (18) as rigorosas medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a determinação para o uso de uma tornozeleira eletrônica. A decisão foi unânime até o momento, com quatro votos favoráveis a zero, consolidando a aplicação de restrições significativas à liberdade do ex-mandatário no âmbito de uma investigação crucial.
A Ministra Cármen Lúcia, integrante do STF, proferiu o quarto voto decisivo nesta sexta-feira (18), validando integralmente a determinação inicial do Ministro Alexandre de Moraes. Essa deliberação engloba diversas restrições, notadamente a exigência do dispositivo de monitoramento eletrônico. Previamente à sessão de referendo, a Polícia Federal (PF) havia deflagrado uma operação de busca e apreensão na residência de Bolsonaro, cumprindo as ordens judiciais emitidas pelo Ministro Moraes. Após a execução dessas providências, a decisão foi submetida à votação virtual na Primeira Turma do Tribunal, procedimento padrão para validar medidas de tal envergadura.
Atualmente, o placar permanece inalterado em 4 votos a 0, indicando uma forte concordância entre os magistrados pela manutenção das cautelares. Além do próprio Ministro Alexandre de Moraes, que inicialmente determinou as ações, os Ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia manifestaram-se favoravelmente à continuidade das medidas. Para a Ministra Cármen Lúcia, os elementos probatórios apresentados contra o ex-presidente justificam plenamente a imposição das restrições. Ela enfatizou que a necessidade de sustentar essas medidas está clara, evidenciada por uma série de publicações constantes nos autos do processo. Tais registros indicam, segundo a ministra, indícios de esforços empreendidos por Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro com o objetivo de interferir no curso regular da Ação Penal 2.688, processo no qual Jair Bolsonaro figura como réu em uma trama que envolve a tentativa de um golpe de Estado.
Adicionalmente, as medidas cautelares foram instauradas no contexto de um inquérito mais amplo, que investiga a conduta do filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro. Este é investigado por sua suposta atuação junto ao governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o intuito de promover retaliações contra o governo brasileiro e membros do Supremo Tribunal Federal. O objetivo primordial seria, conforme as investigações, tentar barrar o prosseguimento da já mencionada ação penal sobre a suposta trama golpista. É importante mencionar que, em março do corrente ano, Eduardo Bolsonaro solicitou licença de seu mandato parlamentar e mudou-se para os Estados Unidos, alegando sofrer perseguição política. Essa licença, contudo, tem prazo para expirar neste domingo (20), levantando questionamentos sobre seus próximos passos.
Medidas Cautelares Detalhadas
Para garantir a integridade da investigação e a ordem jurídica, diversas restrições foram meticulosamente determinadas contra Jair Bolsonaro. Primeiramente, foi imposto o uso de tornozeleira eletrônica, um dispositivo de monitoramento que permite às autoridades acompanhar seus deslocamentos. Além disso, o ex-presidente está sujeito a um regime de recolhimento domiciliar noturno, obrigando-o a permanecer em sua residência entre as 19h e as 6h, de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana e feriados, o recolhimento é integral. Outra medida relevante é a proibição de se aproximar e acessar embaixadas e consulados de países estrangeiros, uma restrição que visa limitar contatos internacionais potencialmente desfavoráveis à investigação. Consequentemente, foi também vetado o contato direto com embaixadores ou quaisquer outras autoridades estrangeiras. Por fim, para evitar a disseminação de informações ou incitação de atos, Bolsonaro está proibido de utilizar redes sociais, seja diretamente ou por intermédio de terceiros.
A votação no STF permanecerá aberta até a próxima segunda-feira (21), aguardando o voto do Ministro Luiz Fux para a formalização completa do referendo. A consistência dos votos até o momento sublinha a seriedade com que o Supremo tem tratado as alegações de interferência e conduta indevida no processo judicial, reforçando o compromisso com a legalidade e a ordem institucional.



