O Museu do Pontal, localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, promoveu um vibrante Arraiá, celebrando a rica cultura nordestina em um fim de semana repleto de atrações gratuitas para todas as idades. A festa, que aconteceu em junho de 2025, reuniu grandes nomes da música e da arte popular do Nordeste, oferecendo uma imersão completa nas tradições juninas.
Música e Tradição Nordestina
A programação musical contou com apresentações de peso. No sábado, dia 12, a banda pernambucana Mestre Ambrósio, ícone do movimento manguebeat, comemorou 30 anos de carreira com um show a partir das 19h30. O manguebeat, vale lembrar, é um estilo musical que fusiona elementos da cultura popular nordestina, como o maracatu, com ritmos internacionais como rock, música eletrônica e hip hop.
No domingo, dia 13, o palco recebeu a talentosa sanfoneira Ceiça Moreno, acompanhada pela atriz, cantora e compositora alagoana Vitória Rodrigues. Ceiça, aos 78 anos, expressou sua alegria em se apresentar, destacando a importância de manter viva a cultura nordestina para as futuras gerações. “A expectativa é sempre grande, porque parece sempre a primeira vez”, afirmou à Agência Brasil, mostrando sua satisfação em levar sua música para diferentes plateias. Ela enfatizou a alegria de se dedicar à sanfona, instrumento que a acompanha desde a infância, e elogiou a programação do Arraiá por incluir atividades infantis, ressaltando a necessidade de preservar as tradições culturais para que não se percam ao longo do tempo.
Além disso, Vitória Rodrigues, ao se apresentar ao lado de Ceiça, destacou a honra de compartilhar o palco com uma artista que representa uma geração histórica de cantoras nordestinas. Para ela, a festa junina no Museu do Pontal representa uma oportunidade de aproximar a cultura nordestina daqueles que estão longe da região, aliviando a saudade dos folguedos típicos.
Oficinas e Experiências Culturais
Entretanto, a programação não se limitou aos shows musicais. O Arraiá também ofereceu oficinas interativas. O grupo Coco Raízes de Arcoverde, liderado pelo Mestre Assis Calixto, considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco, ministrou oficinas e apresentações de coco, transformando o Museu do Pontal em um palco para a celebração da cultura pernambucana, especialmente a do samba de coco em Arcoverde, região entre o agreste e o sertão.
Em seguida, o diretor executivo do museu, Lucas Van de Beuque, destacou a diversidade da programação, incluindo a participação de artistas paraibanos como Marcelo Mimoso (representante do forró) e Edmilson dos Teclados (piseiro), além de uma fusão inovadora entre o repente com Miguel Bezerra e o rap do Viajante Lírico. Essa mistura de estilos demonstra a capacidade da cultura popular de se reinventar e se adaptar aos novos tempos, mantendo sua essência.
Tradição e Modernidade em Harmonia
A celebração incluiu o tradicional ritual da fogueira, um dos momentos mais esperados da festa, seguido de quadrilhas animadas nos dois dias de evento. Um cortejo conduzido pelos arte-educadores do museu levou os visitantes ao terreiro onde uma imponente fogueira de 2 metros de altura queimou ao som de clássicos juninos.
Posteriormente, Lucas Van de Beuque ressaltou a importância do Arraiá, que estava em sua quarta edição na sede atual do museu, na Barra da Tijuca, antes realizado no Recreio dos Bandeirantes, enfatizando o caráter integral da programação: desde a exposição de arte, que em 2025 apresentou as obras do artista Ratinho, até os shows e oficinas, tudo pensado para celebrar a cultura popular brasileira e seu caráter renovador.
Ainda assim, a programação incluiu a participação de Cacau Amaral, do Maranhão, com uma oficina de bumba meu boi, reforçando a integração de diferentes manifestações culturais nordestinas. A diretora do Museu do Pontal, Angela Mascelani, destacou a riqueza da programação, que ia além da música e da comida, celebrando a arte popular e homenageando os artistas que a constroem.
Um Museu de Arte Popular
Por fim, a exposição do artista Ratinho, cujas obras foram exibidas durante o evento, foi celebrada por Angela Mascelani. A diretora destacou a singularidade do trabalho de Ratinho, que transita entre a contemporaneidade audiovisual e a cultura de massa, trazendo aos visitantes uma nova perspectiva sobre a arte de Caruaru, em Pernambuco.
O Museu do Pontal, que abriga um acervo de mais de 9.000 peças de 300 artistas brasileiros, fruto de 45 anos de trabalho do designer francês Jacques Van de Beuque, se consolida como o maior museu de arte popular do país. Sua localização, a Barra da Tijuca, e a programação do Arraiá demonstram um compromisso em levar a cultura popular brasileira a um público amplo, com patrocínios de importantes empresas como Shell, Instituto Cultural Vale, Repsol Sinopec Brasil, Ternium, Tenaris e Itaú, além da Prefeitura do Rio.
Em conclusão, o Arraiá do Museu do Pontal 2025 foi um sucesso, combinando tradição e inovação, música e arte, em uma festa que celebrou a riqueza da cultura nordestina no coração do Rio de Janeiro. Para facilitar o acesso, transporte gratuito foi oferecido saindo da estação de metrô Jardim Oceânico e do terminal de ônibus Alvorada.