Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que a solidão afeta uma em cada seis pessoas em todo o mundo, gerando preocupações significativas sobre a saúde pública global. O estudo, elaborado pela Comissão sobre Conexão Social da OMS, aponta que essa condição não apenas impacta o bem-estar individual, mas também contribui para um número alarmante de mortes anuais.
Alerta da OMS: Solidão Atinge Proporções Globais Alarmantes
De acordo com o relatório da OMS, a solidão está ligada a aproximadamente 100 mortes a cada hora, totalizando mais de 871 mil óbitos por ano. Essa estatística alarmante sublinha a urgência de abordar a questão da solidão como um problema de saúde pública global. A OMS define conexão social como as diversas formas pelas quais os indivíduos se relacionam e interagem uns com os outros.
A solidão, por sua vez, é descrita como um sentimento doloroso que emerge da disparidade entre as conexões sociais desejadas e as conexões reais. É importante diferenciar a solidão do isolamento social, que se refere à falta objetiva de conexões sociais suficientes. Este último, cabe ressaltar, não está relacionado com as medidas de prevenção recomendadas durante a pandemia de Covid-19.
Impacto da Solidão em Diferentes Grupos Etários e Socioeconômicos
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou preocupação com o crescente isolamento social em um mundo cada vez mais conectado. “Nesta era em que as possibilidades de conexão são infinitas, cada vez mais pessoas se sentem isoladas e solitárias”, afirmou Ghebreyesus. Ele também alertou para os custos sociais e econômicos da solidão, que podem impactar negativamente a saúde, a educação e o emprego.
Além disso, o relatório da OMS destaca que a solidão afeta desproporcionalmente jovens e pessoas que vivem em países de baixa e média renda. Entre 17% e 21% dos jovens de 13 a 29 anos relatam sentir solidão, com taxas mais elevadas entre adolescentes. Em países de baixa renda, a taxa de solidão chega a 24%, mais do que o dobro da taxa observada em países de alta renda (11%).
Embora os dados sobre isolamento social sejam mais limitados, estima-se que a condição afete uma em cada três pessoas idosas e um em cada quatro adolescentes. Outros grupos vulneráveis incluem pessoas com deficiência, refugiados, indivíduos LGBTQIA+, indígenas e minorias étnicas, que podem enfrentar discriminação e outras barreiras que dificultam a conexão social.
Causas e Consequências da Solidão
Segundo a OMS, a solidão e o isolamento social têm múltiplas causas, incluindo saúde precária, baixa renda, baixa escolaridade, viver sozinho, políticas públicas ausentes ou ineficazes e infraestrutura comunitária inadequada. O relatório também alerta para os possíveis efeitos negativos do tempo excessivo de tela e das interações online negativas sobre a saúde mental e o bem-estar dos jovens.
Por outro lado, a conexão social pode proteger a saúde ao longo da vida, reduzindo inflamações, diminuindo o risco de problemas graves de saúde, promovendo a saúde mental e prevenindo a morte precoce. Além disso, comunidades com fortes laços sociais tendem a ser mais saudáveis, seguras e prósperas.
Em contrapartida, a solidão e o isolamento social aumentam o risco de acidente vascular cerebral (AVC), doenças cardíacas, diabetes, declínio cognitivo e morte prematura. Pessoas solitárias têm o dobro de probabilidade de desenvolver depressão, além de enfrentarem um maior risco de ansiedade e pensamentos de automutilação ou suicídio.
Impactos na Aprendizagem e no Emprego
Os impactos da solidão se estendem à aprendizagem e ao emprego. Adolescentes que se sentem solitários têm 22% mais chances de obter notas ou qualificações mais baixas, enquanto adultos solitários podem ter mais dificuldade para encontrar ou manter um emprego e ganhar menos ao longo do tempo. Em nível comunitário, a solidão prejudica a coesão social e custa bilhões em perda de produtividade e atenção à saúde.
Roteiro para Ações Globais Contra a Solidão
O relatório da OMS propõe um roteiro para ações globais com foco em cinco áreas: política, pesquisa, intervenções, medição aprimorada e engajamento público. O objetivo é mudar normas sociais e reforçar um movimento mundial de conexão social. A OMS destaca que existem soluções para reduzir a solidão e o isolamento social em vários níveis – nacional, comunitário e individual.
Essas soluções variam desde a conscientização e a mudança de políticas nacionais até o fortalecimento da infraestrutura social e o fornecimento de intervenções psicológicas. A OMS conclui incentivando ações simples e cotidianas, como entrar em contato com um amigo necessitado, deixar o celular de lado para estar totalmente presente na conversa, cumprimentar um vizinho, participar de um grupo local ou se voluntariar. Em casos mais sérios, é importante buscar apoio e serviços disponíveis para pessoas que se sentem sozinhas.