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Indústria quer participar de ação no STF contra suspensão do aumento do IOF

Indústria tenta reverter no STF suspensão do aumento do IOF. Fiep quer participar de ação do PSOL contra decisão do Congresso que derrubou o decreto presidencial.
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Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) busca agora reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nesse sentido, a entidade solicitou ingresso na ação movida pelo PSOL contra a decisão do Congresso Nacional, que derrubou o decreto presidencial que previa o aumento do imposto.

Fiep busca participar de ação no STF contra suspensão do aumento do IOF

A Fiep formalizou, no último sábado (28), o pedido para atuar como *amicus curiae* – expressão latina para “amigo da corte” – na ação que o PSOL move no STF. De acordo com a federação, a participação de entidades com conhecimento específico sobre os temas em discussão é uma prática comum no Supremo, enriquecendo o debate e auxiliando na tomada de decisões.

Relevância da indústria no cenário econômico

A entidade argumenta que a indústria brasileira desempenha um papel crucial na economia nacional, representando 25,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e sendo o setor que mais contribui para a arrecadação de impostos. Desse modo, a Fiep acredita que sua participação pode trazer uma perspectiva valiosa para o julgamento.

Ainda segundo a federação, o conhecimento técnico e a experiência da indústria podem auxiliar os ministros do STF na identificação de precedentes, na análise das razões de decisões anteriores e na compreensão da evolução do debate sobre a matéria nos âmbitos jurídico, social e prático. Além disso, a Fiep se propõe a fornecer informações relevantes sobre a configuração da produção e das relações de trabalho no cenário atual.

Ação do PSOL questiona decisão do Congresso

O PSOL, partido que integra a base do governo, ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF na sexta-feira (27), buscando derrubar a decisão do Congresso que suspendeu o decreto do IOF. Apesar de reconhecer a prerrogativa do Congresso de suspender medidas do Executivo, o partido argumenta que essa suspensão só é legítima quando há abuso do poder regulamentar por parte do Presidente da República.

Argumentos do PSOL em defesa do decreto

O PSOL defende que o decreto em questão apenas alterou as alíquotas do IOF, sem extrapolar os limites da atuação normativa. A legenda alega que, ao suspender o Decreto nº 12.499/2025, o Congresso Nacional violou os limites estabelecidos no artigo 49, V, da Constituição, uma vez que não demonstrou a ocorrência de abuso do poder normativo. O partido ressalta que o próprio STF já declarou inconstitucional um decreto legislativo editado em condições semelhantes, como no julgamento da ADI 5744.

Tramitação da ação no STF

Inicialmente, a ação foi distribuída ao ministro Gilmar Mendes, que, entretanto, solicitou que o caso fosse analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de outras ações sobre o mesmo tema. A decisão final sobre quem conduzirá o processo caberá ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Contexto do decreto e sua derrubada

O decreto que aumentava o IOF fazia parte de um conjunto de medidas elaboradas pelo Ministério da Fazenda com o objetivo de aumentar as receitas do governo e cumprir as metas estabelecidas no arcabouço fiscal. No final de maio, o presidente Lula editou o decreto, elevando as alíquotas do IOF para operações de crédito, seguros e câmbio.

Diante da pressão do Congresso, o governo editou, no início de junho, uma medida provisória que aumentava os tributos sobre as empresas de apostas (*bets*) e sobre investimentos isentos. Essa medida provisória também previu um corte de R$ 4,28 bilhões em gastos obrigatórios para este ano. Em contrapartida, o governo suavizou o decreto do IOF, que, mesmo assim, foi derrubado pelo Congresso nesta semana.