23ª Caminhada Lésbica e Bissexual de São Paulo: Um Ato de Resistência e Visibilidade
No último sábado, dia 21, São Paulo recebeu a 23ª edição da Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais, um evento que marcou a semana da diversidade que antecede a Parada do Orgulho LGBT+. Com início no Largo do Paissandú às 13h, o ato público percorreu as ruas até a Praça da República, reunindo um grande número de participantes em busca de visibilidade e direitos para a comunidade lésbica e bissexual.
A caminhada não foi apenas uma demonstração de força, mas também uma celebração da identidade lésbica e bissexual. Além da participação de diversos grupos e coletivos LGBT+, feministas e representantes do poder público e da sociedade civil, o evento contou com atrações musicais, criando um ambiente festivo e de união.
Segundo Cinthia Abreu, organizadora da caminhada, a iniciativa surgiu em 2003, a partir de um Seminário Nacional de Lésbicas. “A ideia era sair das discussões teóricas e realizar um ato público, visibilizando as mulheres lésbicas na semana da diversidade, que até então não tinham tanta representatividade. Desde então, carregamos nossa bandeira em um dia de luta e diversão para celebrar nossa existência, nossa vida e reivindicar nossos direitos”, explicou Abreu.
Manifesto: Contra a Lesbofobia, o Racismo e a Impunidade
Em sua 23ª edição, a caminhada se consolidou como um importante marco na luta por visibilidade e direitos das mulheres lésbicas e bissexuais em São Paulo. O evento serviu como palco para o lançamento do Manifesto da 23ª Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo 2025, intitulado “Por uma vida livre das violências e do racismo! Em defesa da democracia e sem anistia aos golpistas!”.
O manifesto destaca a interseccionalidade entre lesbofobia e racismo, apontando-os como forças estruturais de exclusão que geram violência, principalmente contra mulheres negras lésbicas. O documento denuncia a falta de acesso a educação, emprego e cidadania para essas mulheres. Além disso, critica a ineficiência das políticas públicas em protegê-las, ressaltando o crescimento exponencial de casos de lesbocídios.
O manifesto lamenta a invisibilidade e o silêncio que cercam esses crimes de ódio, muitas vezes cometidos com extrema crueldade. “Vamos honrar suas memórias, tanto neste manifesto quanto em todas as nossas lutas diárias”, afirma o documento, reconhecendo o risco que as mulheres lésbicas enfrentam e recusando esse cenário para o futuro.
Vozes da Caminhada: Experiências e Lutas
Diversas participantes compartilharam suas experiências e motivações para participar da caminhada. Luciana Cabral, diarista de 42 anos, e sua esposa Paloma Cesáreo Cabral, professora de educação física de 39 anos, casadas há duas décadas, destacaram a importância da participação em atos públicos “pela política de sobrevivência, direitos e permanência, pelo direito de ser quem a gente é”, disse Luciana. Paloma complementou, mencionando a necessidade de diálogo com as famílias, que muitas vezes não aceitam o relacionamento homoafetivo: “Estamos casadas há 20 anos e eles ainda estão esperando a gente virar amiga.”
Por outro lado, a cineasta Alice Leal Chiappetta, de 24 anos, enfatizou a importância de levar a luta para além das redes sociais. “Precisamos dessa união política, essa humanização de nós mesmas, nos conhecermos para fora das redes, entender tudo que as mais velhas já lutaram e não perder isso”, afirmou.
Em conclusão, a 23ª Caminhada Lésbica e Bissexual de São Paulo reforça a necessidade de luta contínua contra a lesbofobia, o racismo e todas as formas de opressão. O evento, além de ser um ato político de resistência, representa uma importante conquista para a visibilidade e o reconhecimento dos direitos da comunidade lésbica e bissexual na sociedade brasileira.