O Banco Central (BC) elevou a taxa Selic, os juros básicos da economia brasileira, para 15% ao ano. Essa decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), representa um aumento de 0,25 ponto percentual em relação à taxa anterior.
Selic em 15%: Uma Decisão Amidst Incertezas Econômicas
Apesar da recente queda na inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Copom optou por mais este aumento. A justificativa, segundo o comunicado oficial, reside nas incertezas que pairam sobre o cenário econômico. Embora parte do mercado financeiro esperasse a manutenção da Selic em 14,75%, a decisão surpreendeu alguns analistas.
O comunicado do Copom sinaliza a intenção de manter a taxa Selic em 15% nas próximas reuniões. No entanto, a autoridade monetária ressalta a possibilidade de novos aumentos caso a inflação apresente tendência de alta. Em suas palavras, o Comitê pretende “examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado” antes de avaliar se a taxa atual é suficiente para controlar a inflação. Além disso, o BC reforça que continuará vigilante e poderá ajustar a política monetária conforme necessário.
Esta foi a sétima alta consecutiva da Selic, levando-a ao maior nível desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. A expectativa é que este seja o último aumento no ciclo de alta de juros, com uma possível pausa no segundo semestre. Desde setembro do ano passado, a Selic acumulou seis elevações, com aumentos que variaram de 0,25 a 1 ponto percentual.
Inflação: um Equilíbrio Delicado
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Em maio, o IPCA registrou uma queda para 0,26%, apesar da pressão de alguns alimentos e do custo de energia. Ainda assim, a inflação acumulada em 12 meses (5,32%) permanece acima do teto da meta de inflação contínua, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3%, com margem de tolerância de ±1,5 pontos percentuais.
O sistema de meta contínua, vigente desde janeiro, calcula a meta mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Este método difere do anterior, que se baseava no índice fechado de dezembro. No último Relatório de Inflação (março de 2025), o Banco Central projetou o IPCA em 5,1% para 2025, estimativa que poderá ser revisada em função da variação cambial e da inflação. As projeções do mercado, contudo, mostram-se mais pessimistas, indicando uma inflação de 5,25% para o fim do ano, de acordo com o boletim Focus.
O comunicado do Copom também incluiu as previsões atualizadas do BC para a inflação. A autoridade monetária estima um IPCA acumulado em 12 meses de 4,9% para 2025 (acima do teto da meta) e 3,6% para o fim de 2026. Estas projeções consideram um “horizonte ampliado”, analisando o cenário inflacionário em até 18 meses. Comparando com a reunião anterior, observa-se um leve aumento na previsão de inflação para este ano, enquanto a previsão para o próximo ano se mantém inalterada.
Crédito Mais Caro e o Impacto no Crescimento Econômico
O aumento da Selic, embora eficaz no controle da inflação, tem um impacto direto no crédito, tornando-o mais caro e, consequentemente, desestimulando a produção e o consumo. Por outro lado, isso representa um obstáculo ao crescimento econômico. No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu a projeção de crescimento do PIB para 1,9% em 2025. Em contraponto, o mercado, segundo o boletim Focus, prevê uma expansão de 2,2% para o PIB neste ano.
Em resumo, a elevação da Selic para 15% representa uma tentativa do Banco Central de equilibrar o controle da inflação com a manutenção do crescimento econômico. A decisão, embora polêmica para alguns setores, reflete a complexidade do cenário econômico atual e a necessidade de cautela por parte da autoridade monetária. A taxa Selic, referência para as demais taxas de juros da economia, atua diretamente na regulação do crédito, sendo um instrumento crucial para a estabilidade econômica do país.