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Rádio Nacional resgata sambas de Wilson Baptista

A Rádio Nacional resgata a obra do compositor Wilson Baptista em dois episódios do programa "Roda de Samba". O programa deste domingo entrevista o biógrafo Rodrigo Alzuguir, que destaca a importância do sambista injustamente esquecido, autor de clássicos que retratam a realidade social do seu tempo.
Sambas Wilson Baptista Rádio Nacional
Foto: Arquivo Nacional/Divulgação

A Rádio Nacional da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) dedicará dois programas especiais do “Roda de Samba” ao compositor Wilson Baptista (1913-1968), um artista injustamente esquecido, mas cuja obra retrata com maestria a realidade social brasileira de sua época.

Resgatando a obra de um sambista injustiçado

Neste domingo, 25 de maio, às 12h, o programa entrevistará o escritor, produtor, músico, cantor e ator Rodrigo Alzuguir, autor de uma biografia dedicada a Wilson Baptista. Alzuguir, além da biografia, produziu um espetáculo teatral e dois álbuns em CD (também disponíveis em plataformas de streaming) sobre o compositor. Segundo Alzuguir, Wilson Baptista, apesar de contemporâneo de nomes como Noel Rosa, Ary Barroso e Cartola, é erroneamente ignorado no cânone dos grandes compositores brasileiros. Sua obra, no entanto, revela um talento singular para descrever as dificuldades enfrentadas pela população.

As composições de Baptista, resgatadas por Alzuguir em seus trabalhos, retratam personagens marcados por adversidades sociais. Podemos citar, por exemplo, “Pedreiro Waldemar”, que narra a situação de um trabalhador sem moradia; “Mãe Solteira”, que aborda a complexidade da maternidade em circunstâncias adversas; e “Bastião”, que retrata a realidade de um adulto analfabeto. Essas crônicas musicais, portanto, oferecem um olhar sensível e crítico sobre a sociedade da época.

Um compositor engajado e crítico

De acordo com Alzuguir, Wilson Baptista possuía um olhar cético sobre a natureza humana. Neto de abolicionista, o compositor tinha uma visão política crítica, que se expressava inclusive em reuniões com militantes comunistas na residência da sufragista Eugênia Álvaro Moreyra (1898-1948). Essa influência política e social se reflete claramente em sua obra, conferindo-lhe uma dimensão histórica e social significativa.

Em outras palavras, a música de Wilson Baptista transcende o mero entretenimento, oferecendo um valioso registro da sociedade brasileira no início do século XX. Sua capacidade de retratar a vida de pessoas comuns, suas dificuldades e anseios, confere a sua obra um impacto duradouro e uma importância cultural inegável.

Dois episódios para homenagear um legado musical

Diante da riqueza e da profundidade do trabalho de Wilson Baptista, o “Roda de Samba” decidiu dedicar dois episódios à sua memória. O primeiro, como já mencionado, vai ao ar neste domingo, 25 de maio. O segundo episódio, então, será transmitido no próximo domingo, 1º de junho, completando a homenagem a este importante compositor.

O programa, produzido em parceria pela Agência Brasil e pela Rádio Nacional, é transmitido aos domingos, ao meio-dia, em rede, pelas onze emissoras da Rádio Nacional. Posteriormente, o programa é distribuído pela Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP). Sua fórmula semanalmente inclui entrevistas com cantores, compositores, escritores, cineastas e intelectuais, sempre buscando explorar o universo e o imaginário do samba.

Como acompanhar o programa

Para aqueles que desejam acompanhar a homenagem à obra de Wilson Baptista, o “Roda de Samba” pode ser acessado nas seguintes emissoras da Rádio Nacional: Amazônia (OC 11.780 kHz e 6.180 kHz), Brasília (AM 980 KHz e FM 96,1 MHz), Foz do Iguaçu (FM 90,1 MHz), Recife (FM 87,1 MHz), Rio de Janeiro (AM 1.130 KHz e FM 87,1 MHz), São Luís (FM 93,7 MHz), São Paulo (FM 87,1 MHz) e Alto Solimões (FM 96,1 MHz). Além disso, todos os episódios estão disponíveis no site da Rádio Nacional: [https://radios.ebc.com.br/roda-de-samba]. Em conclusão, a iniciativa da Rádio Nacional contribui para a valorização de um compositor fundamental para a história da música brasileira, resgatando da memória um legado musical e socialmente relevante.