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Lucro do BB cai 20,7% no 1º trimestre de 2025

**Lucro do Banco do Brasil despenca 20,7% no 1º trimestre de 2025, atingindo R$ 7,3 bilhões.** Novas regras contábeis e aumento da inadimplência no agronegócio são os principais responsáveis pela queda, interrompendo sequência de 16 trimestres de crescimento.

O Banco do Brasil (BB) anunciou na noite de quinta-feira, 15 de março de 2025, um resultado abaixo das expectativas para o primeiro trimestre do ano. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 7,3 bilhões, representando uma queda significativa de 20,7% em comparação com o mesmo período de 2024 e um recuo de 23% em relação ao quarto trimestre de 2024.

Queda do Lucro Interrompe Série de Crescimentos

Este resultado marca o fim de uma sequência de 16 trimestres consecutivos de crescimento no lucro, em relação ao mesmo período do ano anterior. A instituição financeira atribui essa queda a dois fatores principais: a implementação de novas regras contábeis e o aumento da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio, área em que o banco detém liderança de mercado. Em outras palavras, fatores externos e mudanças regulatórias impactaram diretamente o desempenho do banco neste período.

Novas Regras Contábeis e Inadimplência Pesam no Resultado

Segundo comunicado oficial do BB, a resolução nº 4966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alterou as normas contábeis para instituições financeiras, teve um impacto direto nos números. Aprovada em 2021, a resolução entrou em vigor em janeiro de 2025, modificando o modelo de provisões para perda esperada, baseada em estimativas. Consequentemente, a forma como algumas receitas e despesas são contabilizadas foi alterada. Como exemplo, a mudança para o regime de caixa no reconhecimento de receitas de juros em operações consideradas estágio 3 (com atrasos superiores a 90 dias) fez com que o banco deixasse de contabilizar R$ 1 bilhão em receitas de crédito. Este regime só permite o reconhecimento da receita quando o dinheiro efetivamente entra no caixa do banco.

Além disso, o índice de inadimplência (considerando atrasos acima de 90 dias) apresentou crescimento, passando de 3,32% no quarto trimestre de 2024 para 3,86% no primeiro trimestre de 2025. No mesmo período do ano anterior, este índice era de 2,90%. O aumento é atribuído pela instituição à alta da Taxa Selic e às consequências das perdas de safra em 2023 e 2024, impactando principalmente o agronegócio, onde a inadimplência subiu de 2,45% em dezembro de 2024 para 3,04% em março de 2025, um aumento considerável em relação aos 1,19% registrados em março de 2024.

Revisão das Projeções para 2025

Em vista da queda no lucro, o Banco do Brasil revisou suas projeções para 2025. Os novos números, que incluem projeções de lucro líquido ajustado, margem financeira bruta e custo do crédito (perdas esperadas com inadimplência e outros riscos), ainda não foram divulgados. Anteriormente, em fevereiro, as estimativas apontavam para um lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, margem financeira bruta entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões, e custo do crédito entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões. Portanto, é esperado um ajuste considerável nessas metas em função dos resultados do primeiro trimestre.

Crescimento do Crédito Apesar da Queda do Lucro

Apesar da queda no lucro, o Banco do Brasil registrou crescimento na carteira de crédito. No fim de março de 2025, a carteira de crédito ampliada atingiu R$ 1,278 trilhão, mostrando uma alta de 1,1% no trimestre e de 14,4% em 12 meses. Esse crescimento foi distribuído entre os diferentes segmentos: pessoa física (R$ 335,8 bilhões, +1,2% no trimestre e +6,6% em 12 meses), pessoa jurídica (R$ 459,9 bilhões, +1,6% no trimestre e +22,4% em 12 meses), agronegócio (R$ 406,2 bilhões, +9,0% em 12 meses) e carteira de crédito sustentável (R$ 393,5 bilhões, +1,8% no trimestre e +9,6% em 12 meses).

Em resumo, a performance do Banco do Brasil no primeiro trimestre de 2025 foi impactada negativamente por novas regras contábeis e pelo aumento da inadimplência, apesar do crescimento na carteira de crédito. A instituição revisou suas projeções para o ano, e novos números serão divulgados em breve. Entretanto, o cenário demonstra a complexidade do mercado financeiro e a influência de fatores externos e regulatórios nos resultados das grandes empresas.