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Estudo revela que cidades menos desenvolvidas no Brasil vivem com 23 anos de atraso socioeconômico

Relatório da Firjan mostra avanço nos indicadores nos últimos 10 anos, mas desigualdade entre os municípios segue marcante e exige atenção de gestores públicos.
estudo revela 23 anos de atraso nos municípios menos desenvolvidos
Foto: Jessica Bernardo / Metrópoles

Desigualdade entre cidades ainda preocupa

Um novo estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revelou um dado preocupante: as cidades menos desenvolvidas do Brasil vivem com um atraso econômico de 23 anos em relação às mais avançadas. Enquanto alguns municípios atingem altos padrões de desenvolvimento socioeconômico, outros ainda enfrentam enormes desafios em áreas essenciais como saúde, educação e emprego.

A pesquisa utilizou o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) para avaliar 5.550 cidades brasileiras. Esse indicador varia de 0 a 1 e considera dados recentes de três áreas principais: educação, saúde e emprego e renda.

Atraso histórico e concentração da desigualdade

De acordo com o levantamento, municípios que registraram baixo desenvolvimento em 2023 só alcançarão os níveis atuais dos mais desenvolvidos em 2046. Esse dado escancara a desigualdade regional que ainda marca o país.

No total, 57 milhões de brasileiros vivem em cidades com níveis considerados “baixo” ou “crítico” de desenvolvimento. Nessas regiões, apenas 9,1% da população em idade ativa possui emprego formal, enquanto esse índice salta para 44,3% nas cidades mais desenvolvidas.

Além disso, a presença de médicos também ilustra o contraste. Enquanto nas cidades mais bem avaliadas há 2,9 médicos por mil habitantes, nas piores esse número cai para 0,4 médico.

Educação avança, mas acesso ainda é desigual

Na área da educação infantil, a diferença também chama atenção. Em municípios de alto desenvolvimento, 53,7% das crianças de até três anos estão matriculadas em creches — número acima da meta do Plano Nacional de Educação. Já nos municípios com pior desempenho, essa taxa é de apenas 26,5%.

Apesar disso, o indicador de educação foi o que mais cresceu entre 2013 e 2023, com avanço de 52,1%. Esse resultado é animador e indica um caminho promissor, embora o acesso ainda seja limitado em muitas localidades.

Municípios moderados são maioria

O estudo mostra que 48,1% das cidades brasileiras estão na faixa de desenvolvimento “moderado”, enquanto 42,8% permanecem com desempenho considerado “baixo”. Cidades com desenvolvimento “crítico” somam 4,5%, e apenas 4,6% atingiram nível “alto”.

No entanto, é possível observar uma tendência de melhora. Em dez anos, o número de municípios classificados como críticos caiu 87,4%, passando de 1.978 em 2013 para apenas 249 em 2023. Isso demonstra um avanço significativo, mesmo que os desafios ainda sejam grandes.

Caminhos para um futuro mais equilibrado

Embora o país tenha registrado progresso nos últimos anos, o desenvolvimento segue concentrado em poucas regiões. O número de municípios com alto índice de desenvolvimento subiu de 13 para 256 no período avaliado, o que representa uma melhora relevante, mas ainda restrita.

Por isso, especialistas defendem políticas públicas mais eficazes e regionalizadas. Investimentos em infraestrutura, capacitação profissional e saúde básica são essenciais para garantir oportunidades iguais em todo o território nacional.