Edição Brasília

Dessalinização: solução viável ou alerta ambiental? Especialistas explicam prós e contras da água do mar potável

Com a ameaça de escassez de água potável, cresce o interesse por métodos alternativos como a dessalinização, mas especialistas alertam para os desafios ambientais e econômicos.
água potável
Foto: Freepik

A crise da água potável se aproxima

O aumento do consumo descontrolado, aliado ao aquecimento global e à poluição dos mananciais, está acelerando a ameaça de escassez de água potável em diversas regiões do mundo. Diante desse cenário, surge uma pergunta comum: seria possível utilizar a água do mar como alternativa segura e viável para abastecer a população?

A resposta, segundo especialistas, é sim — mas com muitas ressalvas. A dessalinização transforma água do mar em potável, por meio de processos físicos e químicos. No entanto, seu alto custo, consumo de energia e impactos ambientais ainda impedem sua adoção em larga escala.

O que é a dessalinização da água do mar?

O processo de dessalinização retira os sais minerais da água do mar, tornando-a segura para consumo humano. A técnica mais comum é a osmose reversa, na qual a água é pressionada através de membranas que filtram as partículas de sal. Existem ainda outras abordagens, como a destilação térmica e o congelamento, cada uma com seus próprios custos e eficiências.

Apesar de ser eficaz, a professora Naiara Braz, do Colégio Sigma (DF), alerta: “Ainda é um processo caro, que consome muita energia e pode gerar resíduos com alta concentração de sal. O descarte inadequado desse resíduo, conhecido como salmoura, pode afetar seriamente os ecossistemas marinhos”.

Impactos ambientais e limitações

Além da salmoura, a própria captação da água dos oceanos em grande escala pode alterar o equilíbrio das zonas costeiras. Isso ameaça habitats marinhos e interfere na reprodução de diversas espécies.

Para a professora Mayara Faleiro, do Colégio Católica Brasília, a dessalinização deve ser usada com cautela. “É uma alternativa válida em locais sem acesso a água doce, como ilhas ou regiões desérticas. Mas, em grande escala, pode causar mais danos do que soluções. O ideal é preservar nossas fontes naturais e ampliar o acesso ao saneamento”, explica.

O papel da população e dos governos

A verdadeira solução está no uso consciente da água e na preservação de rios, nascentes e aquíferos. Medidas simples no dia a dia, como fechar a torneira ao escovar os dentes ou reaproveitar água da chuva, fazem diferença.

Governos também precisam investir em políticas públicas de saneamento básico, proteção ambiental e educação hídrica. Afinal, garantir o acesso à água potável é, antes de tudo, uma questão de saúde e cidadania.

Como garantir água potável para o futuro

Para evitar que o planeta dependa exclusivamente da dessalinização, é essencial agir agora. Ações individuais, como evitar o desperdício, e coletivas, como pressionar por políticas públicas, são passos fundamentais.

A água potável não é infinita. E embora a dessalinização seja uma alternativa tecnológica promissora, ainda não pode ser tratada como solução definitiva. Preservar o que já temos é, sem dúvida, o caminho mais seguro.