Edição Brasília

Brasil discute restrições aos PFAS para proteger saúde e meio ambiente

Produtos químicos “eternos” estão presentes no cotidiano e representam riscos à saúde pública; autoridades brasileiras analisam medidas para limitar seu uso.
embalagens de comidas
Foto: Freepik

O que são os PFAS e por que eles preocupam

Os PFAS, ou produtos químicos eternos, pertencem a uma classe de substâncias sintéticas que não se decompõem naturalmente. Eles acumulam-se no meio ambiente e, com o tempo, no corpo humano. Essa característica os torna especialmente perigosos, pois ampliam a exposição a longo prazo.

Essas substâncias aparecem em produtos comuns, como roupas impermeáveis, panelas antiaderentes, maquiagens, tapetes e embalagens alimentícias. Por causa de sua resistência ao calor, à água e à gordura, os PFAS são amplamente utilizados na indústria.

No entanto, estudos científicos demonstram que os PFAS estão associados a sérios riscos à saúde. Entre os principais efeitos, pesquisadores apontam aumento de colesterol, distúrbios hormonais, infertilidade, doenças na tireoide e até câncer. Portanto, especialistas recomendam ações imediatas para reduzir a exposição a esses compostos.

Contaminação mundial e casos emblemáticos

Nos Estados Unidos, a história de Andrea Amico, moradora de Portsmouth, ilustra a gravidade da situação. Em 2015, ela descobriu que sua família estava exposta a altos níveis de PFAS. A contaminação veio de um poço de água próximo a uma antiga base aérea.

Diante disso, Andrea fundou uma coalizão nacional para pressionar por mudanças. Em 2018, ela falou no Senado americano durante uma audiência sobre o tema. Desde então, seu trabalho tem inspirado outras comunidades.

Estudos revelam que 98% da população americana apresenta traços de PFAS no sangue. Além disso, investigações apontam que a água potável está frequentemente contaminada. Por isso, países da União Europeia e a França já tomaram medidas para limitar ou proibir o uso dessas substâncias.

A situação dos PFAS no Brasil

No Brasil, o uso de PFAS ainda não possui uma regulamentação abrangente. Mesmo assim, a Anvisa e o Ibama já monitoram o tema. Recentemente, o Ministério do Meio Ambiente iniciou discussões para definir limites ao uso desses compostos.

Enquanto isso, os especialistas recomendam que a população adote medidas preventivas. Por exemplo, trocar panelas antiaderentes por versões de aço inox, evitar cosméticos com ingredientes fluorados e usar filtros de água domésticos com carvão ativado.

Além disso, é essencial cobrar transparência das empresas sobre a composição dos produtos. Dessa forma, o consumidor poderá tomar decisões mais seguras e conscientes.

Tecnologias em desenvolvimento e desafios da eliminação

Eliminar os PFAS do meio ambiente é uma tarefa complexa. Hoje, os métodos mais usados envolvem filtração, incineração e tecnologias emergentes. Porém, cada abordagem apresenta desafios técnicos e financeiros.

Por exemplo, a filtragem da água retém os PFAS, mas transfere os resíduos para aterros. A incineração requer alta temperatura e infraestrutura especializada. Enquanto isso, cientistas exploram alternativas, como o uso de ondas sônicas e microrganismos para destruir os compostos.

Embora ainda estejam em fase experimental, essas tecnologias representam uma esperança para o futuro. Portanto, o investimento em pesquisa é crucial para desenvolver soluções eficazes em escala.

O papel do consumidor e o caminho da regulamentação

A mudança começa também nas escolhas cotidianas. Por isso, ativistas como Andrea Amico defendem o consumo responsável. Ela lembra que preferir produtos livres de PFAS pode influenciar o mercado e pressionar fabricantes.

Enquanto o Brasil não define uma legislação específica, seguir o exemplo de outros países pode acelerar a transição. A eventual proibição de milhares de compostos na Europa serve de referência para futuras decisões nacionais.

Assim, com ações coordenadas entre governo, indústria e sociedade, o país poderá reduzir os riscos e proteger a saúde da população. Afinal, o conhecimento científico e o engajamento social andam lado a lado na construção de um ambiente mais seguro.