A série Adolescência, da Netflix, conquistou o público e rapidamente se tornou a produção mais assistida da plataforma em 71 países, incluindo o Brasil. Com apenas quatro episódios, a obra mergulha em temas sensíveis, como masculinidade tóxica, violência online e o universo dos chamados “incels”. Entre os conceitos explorados, destaca-se a teoria 80/20, que ganhou ampla repercussão nas redes sociais.
Na trama, o protagonista Ryan e seus amigos adotam a teoria como justificativa para sua frustração amorosa. Segundo essa lógica, 80% das mulheres se sentem atraídas por apenas 20% dos homens, deixando os demais em desvantagem afetiva. A ideia, embora sem base científica, tem influenciado discursos online, especialmente entre jovens inseguros.
O que é a teoria 80/20 e por que ela preocupa especialistas
A teoria 80/20, popular em fóruns da internet, foi incorporada por comunidades incel (abreviação de “involuntary celibate”, ou celibatário involuntário). Esses grupos sustentam a crença de que a maioria das mulheres só escolhe parceiros considerados “alfa” — geralmente homens com status social elevado, aparência padronizada e recursos financeiros.
Essa visão distorcida alimenta ressentimento, exclusão e até discursos de ódio. A série mostra como esse pensamento influencia o comportamento dos personagens, promovendo isolamento e reações agressivas. Especialistas alertam para os riscos desse tipo de narrativa, especialmente entre adolescentes em fase de formação emocional.
Impacto cultural e debate social nas redes
Desde sua estreia, Adolescência gerou ampla discussão nas redes. Hashtags relacionadas à teoria 80/20 e ao termo incel chegaram aos trending topics, estimulando conversas sobre autoestima, saúde mental e educação afetiva.
Críticos elogiaram a coragem da série em abordar temas polêmicos com sensibilidade. A atuação do elenco e o roteiro denso, mas acessível, ajudaram a transformar Adolescência em um fenômeno global.
Discussão pode ampliar o diálogo sobre relações saudáveis
Apesar do teor delicado, a repercussão da série oferece uma oportunidade importante para pais, educadores e jovens refletirem juntos sobre afetividade, respeito e autoconhecimento.
A produção mostra que ouvir, acolher e orientar adolescentes é essencial para prevenir o surgimento de ideias prejudiciais. Mais que entretenimento, Adolescência se consolida como ferramenta educativa.