Edição Brasília

Impactos das tarifas dos EUA sobre aço e alumínio na economia brasileira

Medida pode afetar siderurgia, agroindústria e mercado financeiro no Brasil
Curvadora de chapa de aço aluminio
Foto Michal Jarmoluk / Pixabay

A decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio já começa a impactar a economia brasileira. O Brasil é um dos principais fornecedores desses produtos para o mercado norte-americano, e a medida pode gerar desafios para setores como siderurgia, agronegócio e mercado financeiro.

Brasil entre os maiores exportadores de aço e alumínio para os EUA

De acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos, 25% do aço e 50% do alumínio consumidos no país são importados. O Brasil ocupa a segunda posição no ranking de fornecedores, ficando atrás apenas do Canadá.

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA totalizaram mais de 4 milhões de toneladas de aço, representando 15,5% do total importado pelos norte-americanos, com um valor aproximado de US$ 2,9 bilhões.

Embora o foco principal da medida seja a China, especialistas alertam que o Brasil será impactado diretamente. O excesso de produto no mercado pode forçar a busca por novos compradores ou, em um cenário mais crítico, levar a uma redução na produção e no nível de emprego no setor.

Além disso, a imposição das tarifas pode diminuir a entrada de dólares no país, pressionando o câmbio e aumentando a volatilidade do real frente ao dólar.

Impacto no mercado financeiro e na bolsa de valores

As tarifas sobre aço e alumínio também afetam diretamente as empresas do setor siderúrgico listadas na bolsa de valores. Analistas preveem uma possível queda inicial nos preços do aço devido ao excesso de oferta, seguida de um período de estabilização.

As exportações de aço brasileiro para os EUA representaram cerca de 60% do total de vendas externas do setor em 2024, segundo o Instituto Aço Brasil. Com a nova tarifa, empresas como Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) podem ser as mais afetadas, devido à menor diversificação de seus mercados.

Por outro lado, companhias que já possuem operações dentro dos EUA, como Gerdau (GBBR4), podem ser menos impactadas e até beneficiadas pelo aumento do preço do aço no mercado norte-americano.

A possível redução na produção de aço no Brasil também pode afetar indiretamente a Vale (VALE3), que fornece minério de ferro para siderúrgicas brasileiras.

Efeitos no agronegócio brasileiro

A indústria de máquinas agrícolas pode sentir o impacto do aumento nos custos do aço. No entanto, alguns analistas acreditam que, caso o Brasil não consiga exportar parte de sua produção de aço, o excedente no mercado interno pode reduzir os preços do material, beneficiando a produção nacional de equipamentos agrícolas.

Além disso, especialistas apontam que as tarifas dos EUA podem impulsionar o Brasil a fortalecer relações comerciais com outros mercados, como a China, que busca alternativas para suprir sua demanda por aço e produtos agrícolas.

Reações do setor industrial e diplomático

O setor industrial brasileiro manifestou preocupação com a decisão dos EUA. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lamentou a medida e destacou que o Brasil não representa uma ameaça comercial para os Estados Unidos. A entidade ressaltou que os norte-americanos registraram superávits comerciais com o Brasil em 16 dos últimos 20 anos.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ainda não se posicionou oficialmente, enquanto associações setoriais, como a Aço Brasil e a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), também aguardam desdobramentos para comentar a decisão.

Conclusão

A imposição de tarifas pelos Estados Unidos representa um desafio para a economia brasileira, especialmente para o setor siderúrgico. A necessidade de encontrar novos mercados e ajustar a produção pode ter reflexos no câmbio, na geração de empregos e na competitividade da indústria nacional.

Apesar dos desafios, especialistas destacam que o Brasil pode aproveitar a situação para fortalecer suas relações comerciais com outros países e buscar oportunidades em novos mercados.