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STF forma maioria para manter prisão de condenados pelo caso Boate Kiss

Ministros confirmam decisão que determinou a prisão dos acusados; julgamento termina nesta segunda-feira (3)
Boate Kiss
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil/Arquivo

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para manter a prisão de quatro condenados pelo incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 2013, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A tragédia resultou na morte de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos.

O julgamento acontece no plenário virtual do STF e, até o momento, três ministros votaram para manter a decisão do relator, ministro Dias Toffoli, que determinou a prisão imediata dos réus em setembro de 2024. O prazo para a conclusão do julgamento se encerra nesta segunda-feira (3), às 23h59, restando os votos de Nunes Marques e André Mendonça.

Maioria dos ministros vota a favor da prisão dos condenados

Os ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes acompanharam o voto do relator, consolidando a maioria na Segunda Turma. Dessa forma, a decisão confirma a prisão dos ex-sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, além do vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e do produtor musical Luciano Bonilha.

As condenações são as seguintes:

🔹 Elissandro Callegaro Spohr – 22 anos e 6 meses de prisão
🔹 Mauro Londero Hoffmann – 19 anos e 6 meses de prisão
🔹 Marcelo de Jesus dos Santos – 18 anos de prisão
🔹 Luciano Bonilha – 18 anos de prisão

Defesas tentaram anular condenações

Os advogados dos condenados recorreram a instâncias inferiores alegando nulidades no Tribunal do Júri, que sentenciou os réus. Entre os principais argumentos, estão:

Reunião reservada entre o juiz e o conselho de sentença, sem a presença do Ministério Público e das defesas.
Sorteio de jurados fora do prazo legal, o que comprometeria a legalidade do julgamento.

Com base nessas alegações, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anularam as condenações, mas a decisão foi revertida pelo STF.

O ministro Dias Toffoli justificou que as supostas irregularidades deveriam ter sido contestadas durante o julgamento e não após a condenação definitiva.

🗣️ “O reconhecimento da anulação do júri pelo STJ e TJRS viola diretamente a soberania do Tribunal do Júri”, afirmou Toffoli.

Próximos passos do julgamento

O julgamento virtual segue até o fim desta segunda-feira (3), às 23h59. Os ministros Nunes Marques e André Mendonça ainda não votaram, mas, com a maioria já formada, a decisão de manter a prisão dos condenados não pode ser revertida.

A confirmação da sentença representa um marco importante para os familiares das vítimas, que aguardam justiça há mais de 12 anos.

A tragédia da Boate Kiss é considerada uma das maiores catástrofes da história do Brasil e trouxe mudanças na legislação sobre segurança em estabelecimentos fechados.