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EUA aprovam estudo clínico para transplante de rim de porco em humanos

Pesquisa com órgãos de porcos geneticamente modificados avança e pode beneficiar milhares de pacientes com insuficiência renal
Transplante de Rim
Foto: NYU Langone Transplant Institute/ Divulgação

A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) autorizou duas empresas a realizarem estudos clínicos com transplantes de rins de porcos geneticamente modificados em humanos. A decisão marca um avanço significativo na pesquisa de xenotransplantes, trazendo esperança para pacientes com insuficiência renal que aguardam um órgão compatível.

Até o momento, cinco pessoas já receberam transplantes desse tipo em caráter emergencial. Agora, com a autorização, os procedimentos serão monitorados dentro de um estudo clínico estruturado.

Como funcionará o estudo clínico?

A FDA aprovou os testes para duas empresas americanas: a United Therapeutics Corporation e a eGenesis. Cada uma adotará abordagens específicas para a realização dos transplantes.

A United Therapeutics pretende iniciar os testes com seis pacientes que estão em hemodiálise há pelo menos seis meses e que não apresentam outras complicações de saúde. Caso os resultados sejam positivos, o estudo poderá ser ampliado para até 50 pessoas.

Já a eGenesis começará com três pacientes, analisando os resultados iniciais antes de expandir os testes. A empresa foi responsável por um dos primeiros transplantes desse tipo, realizado por um médico brasileiro nos Estados Unidos.

Esses estudos têm o objetivo de avaliar a segurança e a eficácia dos transplantes, além de monitorar possíveis efeitos adversos e riscos de rejeição do órgão.

Porcos geneticamente modificados garantem maior compatibilidade

Os órgãos utilizados nos transplantes são provenientes de porcos geneticamente modificados. Esse processo visa reduzir os riscos de rejeição e tornar os transplantes mais seguros e eficazes.

A United Therapeutics altera geneticamente os porcos em 10 genes, enquanto a eGenesis realiza 69 modificações, incluindo a eliminação de vírus que poderiam ser transmitidos para os receptores humanos.

Essas alterações permitem que os órgãos se tornem mais compatíveis com o corpo humano, reduzindo a necessidade de medicamentos imunossupressores em altas doses.

Casos recentes mostram resultados promissores

Embora os estudos clínicos recém-aprovados ainda estejam começando, alguns pacientes já passaram por transplantes de rim de porco em situações emergenciais.

Um dos casos mais notáveis é o de Towana Looney, uma mulher de 53 anos do estado do Alabama, que recebeu um rim de porco geneticamente modificado em novembro de 2024. Dois meses após a cirurgia, o órgão continua funcionando normalmente, sem sinais de rejeição.

Esse sucesso inicial reforça o potencial da pesquisa e aumenta a expectativa para que os transplantes de órgãos de animais se tornem uma solução viável para a escassez de doadores humanos.

O impacto dos xenotransplantes no futuro da medicina

O transplante de órgãos de porcos modificados pode revolucionar o tratamento de pacientes que aguardam anos por um órgão compatível. Nos Estados Unidos, estima-se que mais de 100 mil pessoas aguardam por um transplante de rim, e a demanda global por órgãos continua crescendo.

Se os estudos clínicos forem bem-sucedidos, os xenotransplantes poderão reduzir drasticamente o tempo de espera, oferecer uma alternativa segura para pacientes graves e diminuir a dependência de doadores humanos.

Os próximos meses serão cruciais para avaliar os primeiros resultados da pesquisa. Caso a segurança e a eficácia sejam comprovadas, a FDA poderá expandir os testes para um número maior de pacientes e, no futuro, autorizar a realização desses transplantes de forma mais ampla.