A profissão de controlador de voo é uma das mais desafiadoras do mundo, exigindo raciocínio rápido, atenção extrema e conhecimento técnico. Esses profissionais são responsáveis por garantir a segurança das aeronaves, organizando o tráfego aéreo durante decolagens, voos e pousos.
No Brasil, o controle do espaço aéreo é gerenciado pela Força Aérea Brasileira (FAB), com o trabalho de 4.486 militares e 145 civis. A rotina é intensa e envolve monitoramento constante, já que qualquer falha pode ter consequências graves.
O g1 visitou o Centro de Controle de Área (ACC Brasília), que administra um terço do tráfego aéreo nacional e conversou com controladores sobre os desafios e a evolução da profissão.
A rotina no controle de tráfego aéreo
O ACC Brasília controla entre 1.850 e 2.100 aeronaves por dia, cobrindo uma área que inclui o Distrito Federal e partes de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia e São Paulo.
Para lidar com essa demanda, o centro opera em três turnos diários, nos quais cada controlador trabalha entre 7h30 e 9h seguidas, com intervalos de 30 minutos a cada duas horas.
Cada turno conta com cerca de 40 profissionais, sendo que cada controlador pode monitorar até 14 aeronaves simultaneamente, dependendo da complexidade do setor.
Segundo o tenente-coronel Edvaldo Natal Tonetti, chefe do Centro Operacional Integrado (COI) do CINDACTA I, os principais requisitos para exercer a profissão incluem:
✅ Planejamento eficiente para coordenar diferentes aeronaves no espaço aéreo.
✅ Atenção difusa para monitorar múltiplas situações ao mesmo tempo.
✅ Raciocínio rápido para tomar decisões seguras sob pressão.
✅ Conhecimento técnico das normas da aviação.
História da profissão no Brasil
Os primeiros controladores de voo brasileiros foram treinados nos anos 1940, quando a aviação comercial começou a crescer. Em 1942, foi criada a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) para formar profissionais na área.
No ano seguinte, o então presidente Getúlio Vargas autorizou a criação da Escola Técnica de Aviação (EVAv), em São Paulo, para complementar essa formação.
Atualmente, para se tornar controlador de tráfego aéreo, é necessário ingressar na Força Aérea Brasileira e passar por um dos seguintes cursos:
✔ Curso de Formação de Sargento – Especialista em Controle de Tráfego Aéreo (CFS-BCT) na EEAR.
✔ Curso de Controlador de Tráfego Aéreo (ATM-005) no Instituto de Controle do Espaço Aéreo.
Os candidatos devem ter entre 17 e 24 anos, ser brasileiros, não possuir antecedentes criminais e ingressam na FAB como Terceiro-Sargento, com salário inicial de R$ 4 mil.
O crescimento das mulheres na profissão
A presença feminina no controle de tráfego aéreo tem aumentado. Atualmente, mais de 50% dos controladores são mulheres.
A sargento Gabriela Maicá Rodrigues, que atua no ACC Brasília, incentiva jovens que sonham em seguir essa carreira.
“Vale muito a pena estudar e seguir essa profissão. Nós somos reconhecidas e valorizadas aqui dentro. É uma carreira gratificante.”
A primeira turma de mulheres militares ingressou na FAB em 2002, na turma Império Azul. Desde então, o número de mulheres no setor cresceu significativamente, trazendo mais diversidade ao controle do tráfego aéreo.
Conclusão
A profissão de controlador de voo exige concentração, agilidade e precisão, sendo fundamental para a segurança da aviação. Com turnos intensos e decisões críticas, esses profissionais garantem que milhares de voos ocorram diariamente sem incidentes.
Além disso, a presença feminina na profissão tem crescido, tornando o setor mais diversificado e inclusivo. Com oportunidades de formação e salários atrativos, essa carreira continua sendo essencial para o funcionamento do transporte aéreo no Brasil e no mundo.