Medida cautelar visa proteger os recursos do Bolsa Família
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, neste domingo (15), que o governo federal adote medidas imediatas para impedir o uso dos recursos do programa Bolsa Família em apostas online. A decisão, proferida pelo ministro Jhonatan de Jesus, foi uma resposta à solicitação do Ministério Público junto ao TCU, com o objetivo de proteger o uso correto do benefício.
Segundo o ministro, a medida busca evitar o desvio de finalidade dos recursos públicos. “A restrição é necessária para garantir que os valores destinados às famílias vulneráveis sejam usados para seu sustento e não desviados para atividades incompatíveis com os objetivos do programa assistencial”, afirmou.
Dificuldades técnicas na identificação dos recursos
A Advocacia-Geral da União (AGU) reconheceu, na semana passada, os desafios operacionais para implementar a decisão. O principal problema está na separação dos recursos do Bolsa Família e de outras fontes de renda nas contas dos beneficiários.
De acordo com a AGU, atualmente não existe um mecanismo eficiente para rastrear e diferenciar a origem dos valores utilizados em transações, como apostas online. Por isso, o governo precisará desenvolver soluções técnicas e administrativas para atender às exigências do TCU.
Contexto jurídico e regulamentação
A discussão sobre o uso dos recursos em apostas online ganhou força após uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), emitida pelo ministro Luiz Fux em novembro deste ano. A decisão determinou que o governo adote medidas preventivas para impedir gastos de beneficiários do Bolsa Família com jogos de azar.
Além disso, Fux ordenou a aplicação imediata da Portaria nº 1.231/2024, do Ministério da Fazenda, que proíbe campanhas de marketing, publicidade e propaganda direcionadas a crianças e adolescentes. A norma, que entraria em vigor em janeiro de 2025, tem o intuito de proteger públicos mais vulneráveis.
A questão surgiu após uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) protocolada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade questionou a Lei 14.790/2023, que regulamentou as apostas online no Brasil. Segundo a CNC, a prática de jogos de azar pode aumentar o endividamento das famílias em situação de vulnerabilidade.
Próximos passos e expectativa de implementação
O TCU exige que o governo federal apresente soluções imediatas e viáveis para garantir o cumprimento da decisão. A medida deve incluir mecanismos para monitorar transações financeiras, bloqueando o uso indevido dos recursos.
Embora a implementação dependa de avanços técnicos, a decisão representa um esforço significativo para proteger os objetivos sociais do Bolsa Família. O programa, que atende milhões de brasileiros em situação de pobreza, é essencial para garantir dignidade e segurança alimentar às famílias beneficiárias.
O ministro Jhonatan de Jesus reforçou que a determinação do TCU não interfere na continuidade do programa. “Nosso foco é assegurar que os recursos cumpram sua finalidade, garantindo o bem-estar das famílias atendidas pelo Bolsa Família”, concluiu.