Decisão surpreende mercado e reforça controle inflacionário
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta terça-feira (11), elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25% ao ano. A decisão, unânime, foi acima da expectativa do mercado, que projetava uma alta de 0,75 ponto.
O Banco Central justificou a medida como necessária diante de incertezas externas, alta do dólar e efeitos do pacote fiscal anunciado pelo governo federal. Segundo o comunicado do Copom, o ajuste visa conter expectativas de inflação acima da meta e estabilizar os indicadores econômicos.
“A elevação reflete nossa atenção aos impactos recentes da política fiscal e a necessidade de ajustar as expectativas do mercado para o próximo ano,” destacou o documento.
Trajetória da Selic no último ano
A nova alta representa a terceira elevação consecutiva da Selic, encerrando um período de cortes iniciado em 2023. Após permanecer em 13,75% entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa foi reduzida gradualmente até atingir 10,5% em maio de 2024. Desde setembro, porém, o Copom retomou os aumentos, buscando conter a pressão inflacionária.
O ciclo atual reforça o compromisso do Banco Central em manter a inflação sob controle, mesmo diante de desafios como a alta do dólar e os impactos climáticos sobre a agricultura.
Impacto no crédito e na inflação
A Selic, principal ferramenta de controle da inflação, influencia diretamente o custo do crédito e as taxas de financiamento. Com a alta, o crédito se torna mais caro, o que reduz o consumo e desestimula a pressão sobre os preços.
Em novembro, a inflação medida pelo IPCA desacelerou para 0,39%, acumulando 4,87% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,5%. No entanto, o Banco Central já revisou suas projeções para 2024, prevendo inflação de 4,9%, acima do limite estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Cenários futuros e expectativas do mercado
O comunicado do Copom aponta para novas altas de 1 ponto percentual nas reuniões de janeiro e março de 2025, dependendo da evolução dos indicadores econômicos. O mercado financeiro, por sua vez, projeta crescimento de 3,39% do PIB em 2024, impulsionado por ajustes na política monetária e estímulos fiscais.
O desafio da política monetária
Embora a elevação da Selic seja uma medida eficaz para conter a inflação, ela também representa um desafio para a recuperação econômica. Juros mais altos restringem investimentos e encarecem o crédito, mas são necessários para estabilizar a economia em momentos de incerteza.
“Essa decisão reflete nosso compromisso com a estabilidade econômica, garantindo que o Brasil se mantenha no caminho do crescimento sustentável,” ressaltou o comunicado do Banco Central.