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STF avança em debate sobre responsabilização das redes sociais por conteúdos ilegais

Ministro Luiz Fux vota a favor de responsabilização imediata das plataformas, com monitoramento ativo de postagens e remoção após notificação extrajudicial.
Ministrio Luiz Fux
Foto: Antônio Augusto/STF

STF analisa constitucionalidade do Marco Civil da Internet

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (11) o julgamento sobre a responsabilização civil das redes sociais por conteúdos ilegais publicados por usuários. O ministro Luiz Fux votou a favor da responsabilização, estabelecendo a necessidade de remoção imediata de publicações após notificação extrajudicial, sem a exigência de decisão judicial prévia.

Com o voto de Fux, o placar está em 2 a 0 pela responsabilização, considerando o voto favorável do ministro Dias Toffoli na semana passada. Ambos julgam a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet, que define as regras para responsabilização das plataformas digitais no Brasil.

Posição de Fux reforça proteção aos direitos fundamentais

Fux argumentou que as redes sociais não podem ignorar a preservação de direitos fundamentais, como a privacidade, a honra e a dignidade da pessoa humana. Ele destacou que as plataformas lucram com o uso de dados e imagens dos usuários, o que exige maior comprometimento com a remoção de conteúdos prejudiciais.

“É inadmissível que as empresas faturem com a exposição de situações que violam a dignidade humana. A notificação deve ser suficiente para a remoção imediata do conteúdo,” afirmou o ministro.

Fux também defendeu que as redes sociais realizem o monitoramento ativo das postagens para evitar a disseminação de discursos de ódio, racismo e ataques à democracia.

Pedido de vista suspende julgamento

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, pediu vista do processo, adiando a continuidade do julgamento para a próxima quarta-feira (18). A pausa ocorre em meio a um intenso debate entre os ministros e representantes das redes sociais, que argumentam que a mudança no Marco Civil poderia representar censura e inviabilizar operações no Brasil.

Contexto e impacto do julgamento

O STF analisa dois processos relacionados ao tema. O primeiro, relatado por Dias Toffoli, trata da necessidade de ordem judicial para responsabilizar plataformas por conteúdos ilícitos. O segundo, relatado por Fux, discute a obrigação de monitoramento ativo pelas redes e a remoção imediata de conteúdos prejudiciais.

Representantes das plataformas alegam que já realizam a retirada de conteúdos ilegais de forma extrajudicial e que a exigência de monitoramento prévio seria inviável e violaria a liberdade de expressão. Por outro lado, defensores da responsabilização imediata argumentam que a medida é essencial para proteger os direitos fundamentais e evitar danos irreparáveis.

Próximos passos

O julgamento promete influenciar diretamente o funcionamento das redes sociais no Brasil, com possíveis impactos na liberdade de expressão, responsabilidade empresarial e direitos dos usuários.