Decisão do STF reforça validade da delação
O Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão do ministro Alexandre de Moraes, manteve nesta quinta-feira (21) o acordo de delação premiada do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Após três horas de audiência, o ministro considerou que Cid esclareceu as contradições apontadas pela Polícia Federal (PF) em depoimento anterior. O conteúdo da delação, porém, segue sob sigilo.
A defesa de Mauro Cid celebrou a decisão, destacando que os benefícios do acordo foram mantidos e que o colaborador atendeu às solicitações feitas pela Justiça.
Durante a audiência conduzida por Moraes, Cid respondeu a questionamentos relacionados à Operação Contragolpe, que investiga um plano golpista envolvendo 37 indiciados. O militar negou conhecimento direto do plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Moraes. Contudo, documentos e depoimentos obtidos pela PF indicaram sua presença em reuniões estratégicas, incluindo uma realizada em novembro de 2022, na residência do general Braga Netto, em Brasília.
O papel da delação e os esclarecimentos prestados
Além disso, Mauro Cid detalhou fatos ligados a outras investigações, como as vendas de joias sauditas e supostas fraudes nos cartões de vacina de Jair Bolsonaro. Essas informações já fazem parte do acordo de colaboração premiada firmado com a PF em 2023.
Impacto nas investigações da PF
A decisão do STF reforça o avanço das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. Com a manutenção da delação premiada, a Polícia Federal terá novas evidências para aprofundar apurações, incluindo elementos sobre a estruturação do suposto esquema golpista.
A Operação Contragolpe, deflagrada recentemente, identificou uma organização criminosa com divisão de tarefas e coordenação de ataques ao Estado Democrático de Direito. Mauro Cid é apontado como peça-chave para elucidar as responsabilidades e motivações do grupo.
Avanços no combate ao extremismo
Para o ministro Alexandre de Moraes, a colaboração de Mauro Cid pode contribuir significativamente para a proteção da democracia no Brasil. “O Estado Democrático de Direito depende de investigações sólidas e da responsabilização de quem busca desestabilizá-lo. A delação é um instrumento valioso quando utilizada de forma responsável”, afirmou Moraes.
A Polícia Federal, por sua vez, confirmou que dará continuidade às investigações com base nas novas informações fornecidas pelo militar.