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STJ autoriza cultivo de cannabis medicinal e abre caminho para regulação no Brasil

Decisão amplia acesso a tratamentos e impulsiona indústria nacional de produtos à base de cannabis
Autorização da Canabis Medicinal
Foto: Pfüderi/ Pixabay

Em decisão inovadora, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou o cultivo e a importação de sementes de cannabis (maconha) exclusivamente para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. A medida inclui o cânhamo industrial, variedade de cannabis com baixo teor de THC (inferior a 0,3%), substância psicoativa da planta, e representa um marco na legislação brasileira sobre o uso medicinal da cannabis.

A decisão do STJ, tomada por unanimidade, determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) terá seis meses para regulamentar as normas de cultivo e importação. A ministra Regina Helena Costa, relatora do caso, destacou que o baixo teor de THC do cânhamo industrial não configura entorpecente, o que justifica sua exclusão das restrições impostas pela Lei de Drogas.

Argumentos favoráveis à decisão e impactos para a saúde

Durante o julgamento, a ministra Regina Helena Costa defendeu que restringir o cânhamo industrial da mesma forma que a maconha, ignorando as fundamentações científicas que diferenciam suas propriedades, é inconsistente com os objetivos da Lei de Drogas. “A proibição do uso medicinal e industrial prejudica tanto o desenvolvimento da indústria nacional quanto o acesso dos pacientes aos tratamentos necessários”, ressaltou a ministra.

A decisão atende a uma demanda de pacientes e familiares que buscam alternativas terapêuticas à base de cannabis. Estudos científicos demonstram que o canabidiol (CBD), composto encontrado na cannabis, possui efeitos terapêuticos comprovados para o tratamento de epilepsia, dores crônicas, entre outras condições. A autorização do STJ também representa uma vitória para a indústria farmacêutica brasileira, que até agora dependia da importação de produtos de cannabis, resultando em custos elevados para pacientes e profissionais da saúde.

Regulamentação e próximos passos para o cultivo legal

Com a decisão, a Anvisa terá um prazo de seis meses para definir as regras sobre o cultivo, importação e distribuição de produtos à base de cânhamo industrial. Esse período será fundamental para estabelecer critérios rigorosos que garantam o uso seguro e regulamentado da cannabis no Brasil. A regulamentação deverá incluir processos de controle e fiscalização para assegurar que a produção atenda aos fins medicinais e industriais previstos.

A medida também trará benefícios econômicos, impulsionando o desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva. A indústria nacional poderá oferecer produtos acessíveis e de alta qualidade aos consumidores e ao setor de saúde, promovendo o fortalecimento da economia local e nacional.

Benefícios para pacientes e redução de custos

Para pacientes que dependem de tratamentos à base de cannabis, a possibilidade de adquirir produtos produzidos no Brasil significa economia e maior acessibilidade. Atualmente, o alto custo da importação é uma das maiores barreiras para famílias que dependem desses tratamentos.

A decisão do STJ, além de possibilitar o acesso mais amplo a esses produtos, abre um leque de oportunidades para o setor de biotecnologia e pesquisa no Brasil. A expectativa é que a medida também inspire futuras decisões legislativas, promovendo o desenvolvimento de um marco regulatório sólido e inclusivo.