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COP29 no Azerbaijão: Conferência Climática discute novo financiamento para países em desenvolvimento

Delegação brasileira é liderada por Geraldo Alckmin; países debatem financiamento de US$ 1 trilhão para enfrentar mudanças climáticas
COP29
Foto: COP29/Divulgação

A COP29, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, começou hoje (11) em Baku, Azerbaijão, reunindo líderes de todo o mundo para discutir medidas contra o aquecimento global. Com previsão de duração até o dia 22 de novembro, a conferência deste ano é chamada de “COP do financiamento” devido ao foco na criação de uma nova meta global de financiamento climático, visando apoiar países em desenvolvimento na transição energética.

Financiamento Climático Global em Debate

A proposta central da COP29 busca estabelecer um novo valor de financiamento climático, que substitua o acordo anterior de US$ 100 bilhões anuais. Economistas e líderes mundiais apontam que o valor ideal para um financiamento eficaz é de US$ 1 trilhão por ano. Metade desse valor seria fornecida por financiamento público e a outra metade por financiamento privado.

Segundo Aniruddha Dasgupta, presidente do World Resources Institute (WRI), esse financiamento é fundamental para que os países em desenvolvimento façam a transição para uma economia sustentável. “O impacto da falta de financiamento será sentido globalmente, não apenas nos países que mais precisam”, alerta.

A diretora do Programa de Clima e Finanças da WRI, Melanie Robinson, explica que o plano inicial prevê a liberação de US$ 200 bilhões até 2030 e US$ 400 bilhões até 2035, com condições atrativas para garantir o apoio dos países menos desenvolvidos. Ela enfatiza que a expansão das metas climáticas depende diretamente do comprometimento dos países com o financiamento adequado.

Ambições Climáticas e Metas Futuras

Durante a COP29, os países também devem atualizar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, em preparação para a terceira revisão das metas em 2025. A diretora do WRI enfatiza que “não há como aumentar as ambições climáticas sem o financiamento necessário”.

David Waskow, diretor de Iniciativa Climática Internacional do WRI, destaca que alguns países, como Brasil, Reino Unido e Azerbaijão, planejam antecipar suas metas de emissão para 2035, estabelecendo um novo padrão para compromissos futuros. Mais de 100 países estão comprometidos com a meta de emissões líquidas zero até 2050 ou 2060.

Brasil Lidera Delegação e Reforça Compromisso Climático

O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera a delegação brasileira na COP29, substituindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não pode comparecer por recomendação médica. A delegação brasileira inclui a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o embaixador André Corrêa do Lago. O Brasil reafirmou seu compromisso com a redução das emissões e o financiamento climático, buscando liderar as discussões em prol de soluções sustentáveis e justas.

Alckmin ressaltou a importância do Brasil como protagonista na preservação da Amazônia e no desenvolvimento de fontes de energia renováveis, buscando unir esforços com outras nações para alcançar um futuro sustentável.

Desafios e Incertezas

Entre os desafios da COP29 estão as divergências entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre a responsabilidade de financiamento climático. A inclusão de novos países contribuidores, como China e os países do Golfo, é uma ideia que ganha força, enquanto especialistas sugerem que o fortalecimento de bancos multilaterais de desenvolvimento pode ampliar os recursos para o combate às mudanças climáticas.

A ausência de líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, gera expectativas sobre os compromissos que serão estabelecidos. Contudo, representantes de alto nível desses países prometem manter as discussões em alto nível, visando avançar nas metas do Acordo de Paris.