O mês de setembro trouxe um inesperado espetáculo de resiliência na Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago Paranoá, onde semanas após um incêndio florestal de grandes proporções, causado possivelmente por ação humana, espécies nativas começaram a florescer. O contraste entre o cenário devastado e o desabrochar de flores da espécie Hippeastrum goianum (Amarilis do Cerrado) se tornou um símbolo de esperança para a recuperação da natureza.
A beleza que renasce do fogo
As flores amarelas emergiram em meio a restos de fuligem e troncos secos, criando um cenário de renascimento em uma área antes marcada pela destruição. O fotógrafo amador Matheus Ferreira capturou o momento e compartilhou as imagens em suas redes sociais, trazendo à tona a força do bioma. “Apesar de tudo, a natureza resiste. Para mim, essas flores representam esperança e a força do Cerrado”, afirmou Matheus. Ele descreveu a paisagem como “de guerra”, mas foi surpreendido pela delicadeza das plantas em meio a um cenário tão devastado.
Regeneração do Cerrado
A regeneração do Cerrado, após incêndios como o que atingiu a área próxima à Torre Digital, ocorre naturalmente em algumas partes, principalmente nas áreas de vegetação nativa. Marcela Verciani, superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água do Instituto Brasília Ambiental, explicou que, embora o Cerrado tenha uma capacidade de recuperação, nem todas as áreas se regeneram sozinhas. “Em algumas partes, são necessários novos plantios e intervenções para garantir a recuperação total”, destacou.
A APA do Lago Paranoá, gerida pelo Instituto Brasília Ambiental, é uma unidade de uso sustentável, e os incêndios, especialmente os de origem humana, podem ser devastadores para o equilíbrio desse ecossistema. O Instituto reforça a importância de evitar queimadas e o uso do fogo durante o período de seca, uma vez que as altas temperaturas tornam o Cerrado ainda mais vulnerável.
Ações de combate e prevenção
O Governo do Distrito Federal tem intensificado os esforços para combater os incêndios no Cerrado. Este ano, o Instituto Brasília Ambiental contratou 150 brigadistas para atuar em 12 bases durante o período crítico de seca e queimadas. Marcela Verciani ressaltou a importância da prevenção. “Mais do que combater, precisamos focar na prevenção, com ações como a criação de aceiros, roçadas e queimadas controladas”, comentou.
Além disso, a superintendente destacou que o órgão está trabalhando em um projeto de lei para garantir a contratação de brigadistas durante o ano inteiro, não apenas na temporada de incêndios, reforçando o compromisso com a preservação do Cerrado.
Como denunciar
O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) pede à população que denuncie casos de incêndios florestais através do número de emergência 193. Informações detalhadas sobre a localização do incêndio e suspeitos são essenciais para que as autoridades possam agir rapidamente. O Instituto Brasília Ambiental também possui uma linha direta para denúncias de focos de incêndio nas unidades de conservação, atendida pelo número (61) 9224-7202, que também funciona como WhatsApp.
A prevenção e o combate aos incêndios dependem da colaboração da população, e qualquer informação sobre a prática criminosa de atear fogo em áreas de preservação pode ser enviada também aos números 190 (Polícia Militar) e 197 (Polícia Civil).