O Brasil está se preparando para ser um dos principais atores na produção de hidrogênio verde, um combustível limpo e essencial para a transição energética global. Com o crescimento do setor, estima-se que o país precisará formar quase 3 mil técnicos e trabalhadores qualificados anualmente para atender a essa demanda, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Esse cenário abre oportunidades tanto para o desenvolvimento econômico quanto para a geração de empregos verdes.
A demanda por profissionais qualificados
A pesquisa do Senai entrevistou 128 especialistas e apontou que, no nível médio de qualificação, que engloba técnicos e trabalhadores especializados, o Brasil precisará de 2.863 novos profissionais a cada ano. Esses técnicos serão responsáveis pela instalação, manutenção e renovação dos sistemas de produção de hidrogênio verde, combustível que não emite gás carbônico (CO₂) e é essencial para reduzir os impactos das mudanças climáticas.
Além disso, há uma necessidade anual de 2.248 trabalhadores semiqualificados e não qualificados. Enquanto isso, no nível superior, formado por cientistas e engenheiros, a demanda é menor, mas concentrada em universidades e centros de pesquisa.
Essa formação especializada é vista como um fator crucial para a expansão do hidrogênio verde no país. A capacitação técnica permitirá que o Brasil desenvolva e implemente novas fábricas e sistemas de produção de hidrogênio, consolidando sua posição no cenário internacional de energias renováveis.
Avanços na transição energética
Nos últimos 18 meses, o progresso do setor tem sido visível. Quase metade dos especialistas entrevistados (48%) avaliou positivamente o avanço das condições para a criação de uma economia baseada no hidrogênio verde. Esse combustível já é apontado como um dos principais pilares da tão desejada transição energética, que busca reduzir as emissões de carbono.
O hidrogênio verde é produzido por meio da eletrólise da água, utilizando fontes de energia renovável, como a solar, eólica e hidrelétrica. Isso garante que todo o processo seja livre de emissões de CO₂, tornando-se uma opção viável para setores que demandam muita energia, como transporte, siderurgia e indústrias petroquímicas.
A expansão da cooperação internacional também é vista como um ponto positivo, com 35% dos especialistas mencionando que o fortalecimento das parcerias globais será essencial para o avanço da produção e do uso de hidrogênio verde.
Capacitação técnica para um futuro sustentável
Para atender a essa crescente demanda, o Senai já deu início a diversas ações de capacitação. Um centro de excelência foi criado no Rio Grande do Norte, e cinco laboratórios regionais foram instalados em estados estratégicos como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia e Ceará. Além disso, foi desenvolvido um curso de pós-graduação para formar especialistas.
Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai, explicou que o setor passará por dois grandes movimentos. “Primeiro, haverá a especialização para quem já possui nível superior, com foco em pesquisa e regulação. Em seguida, ocorrerá a formação de técnicos para operar e instalar as plantas de hidrogênio”, explicou Morgado.
Um futuro promissor para o Brasil
Com mais de 60 projetos de hidrogênio verde em andamento e investimentos que já somam R$ 188,7 bilhões, o Brasil está preparado para se destacar como um grande produtor de energia limpa. Além disso, o marco legal sancionado em agosto de 2024 e o programa de incentivos fiscais prometem fortalecer ainda mais esse setor nos próximos anos.
O futuro do hidrogênio verde no Brasil é promissor, trazendo novas oportunidades de emprego, crescimento econômico e contribuições significativas para a sustentabilidade global.