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STF debate direito à recusa de transfusão de sangue por Testemunhas de Jeová

Ministros do STF discutem liberdade religiosa e direito à vida em julgamento que analisa recusa de transfusão de sangue por motivos religiosos.
Transfusão de Sangue
Foto: Davidyson Damasceno/Agência Brasília

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início, nesta quinta-feira (19), ao julgamento que determinará se Testemunhas de Jeová podem recusar transfusões de sangue em tratamentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Corte também irá decidir se o Estado deve custear tratamentos alternativos que não utilizem transfusões, respeitando as convicções religiosas do grupo.

Casos em análise

Os ministros estão avaliando recursos que motivaram o julgamento. O primeiro caso envolve uma mulher que se negou a autorizar uma transfusão de sangue durante uma cirurgia cardíaca na Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Diante da recusa, o hospital optou por não realizar o procedimento.

O segundo caso é de um homem, também Testemunha de Jeová, que solicitou à Justiça que o SUS custeie uma cirurgia ortopédica sem a necessidade de transfusão, além de cobrir os gastos do tratamento.

Votação até o momento

Atualmente, o placar da votação está 5 a 0 a favor da tese defendida pelos Testemunhas de Jeová, com seis votos restantes a serem proferidos. O ministro Luís Roberto Barroso, relator de um dos casos, enfatizou que o direito de recusar transfusões e buscar tratamento alternativo está fundamentado na dignidade da pessoa humana e na liberdade religiosa, princípios constitucionais essenciais.

“Pacientes Testemunhas de Jeová têm o direito a tratamentos alternativos disponíveis no SUS, mesmo que não estejam em sua localidade”, afirmou Barroso.

Defesa da laicidade

O ministro Flávio Dino também votou a favor da recusa à transfusão, ressaltando a importância da laicidade do Estado. Ele destacou que a laicidade não é contrária à religião, mas sim um princípio fundamental que garante a liberdade religiosa.

“A laicidade protege a liberdade religiosa. Somente em um Estado laico é possível garantir a coexistência de diversas crenças”, declarou Dino.

Os ministros André Mendonça, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes também acompanharam o voto de Barroso, reforçando a posição em favor dos direitos dos pacientes. O julgamento será retomado na quarta-feira (25).

Expectativas para o futuro

O desfecho desse julgamento é esperado com grande expectativa, pois pode estabelecer um precedente importante para a relação entre direitos individuais, crenças religiosas e obrigações do Estado em serviços de saúde. A decisão poderá influenciar como as instituições de saúde abordam casos semelhantes no futuro, garantindo que as convicções religiosas sejam respeitadas sem comprometer a qualidade do atendimento.