Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Igor Silveira
Árvores em Brasília têm ganhado a galeria de fotos de muitos que acompanham a temporada de floração dos ipês: amarelo, roxo, rosa, branco e… verde?
Ao passear no Parque Olhos d’Água, Aline Proença, 44 anos, viu um exemplar de ipê verde pela primeira vez. “Venho sempre aqui, mas não sabia da existência do ipê verde. É uma surpresa, para mim”, conta a dona do lar.
A principal característica da espécie são as flores verdes, que surgem na extremidade dos galhos e acabam se confundindo com as folhas. Com um olhar mais atento, porém, é possível diferenciá-las, pois as flores possuem um tom mais claro e amarelado, enquanto as folhas são verde-esmeralda.
A árvore é uma espécie nativa do país mas não é endêmica. Também ocorre no Paraguai, Bolívia, Norte da Argentina e Peru; e é considerada de médio porte e costuma medir entre 6 e 12 metros de altura.
Propriedades medicinais
Apesar de ser um ipê, a árvore não é da espécie handroanthus, antigamente chamada de tabebuia. O ipê verde é de outra espécie, a Cybistax antisyphilitica, e remanescente do Cerrado, razão pela qual não é tão visto pela cidade e apenas em alguns pontos.
É mais comum em locais em que o Cerrado é mais preservado, bastante encontrado também ao longo das nossas rodovias. O departamento de parques e jardins, no seu programa anual de plantio, tem plantado os ipês verdes no Parque Olhos D’agua, no Parque da Cidade e próximo da entrequadra 413/414 norte.
A árvore também tem propriedades medicinais. De acordo com o engenheiro florestal da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) Leonardo Rangel da Costa, na medicina popular, a casca e o broto do ipê verde são utilizados no tratamento de infecções no trato urinário.
“Inclusive, antisyphilitica vem de sífilis, então também é empregado no tratamento de sífilis”, explica o engenheiro. Ele acrescenta que, da paleta de cores de ipê do Cerrado, o verde é o último a florescer, podendo aparecer em qualquer época do ano – mas com maior intensidade entre agosto e novembro.
Diferencial da espécie
“É uma árvore muito bonita, comum nos cerradões e matas de galeria, bastante encontrada na região Centro-Oeste. É bonito por conta do porte médio, a copa alongada e a inflorescência verde, que lá nos terminais se camuflam entre as folhas. Então, pela flor não se destaca tanto, mas é uma espécie muito bonita”, ressalta Costa.
O aposentado Luiz Tostes, 64 anos, já conhecia o ipê verde. “Sei que existe, vi as plaquinhas, sei que tem uns aqui. Mas pode passar despercebido. Ele fica mais discreto que os outros – o roxo, o rosa, o amarelo e o delicado branco, que está começando a florescer agora”, destaca Tostes.
Fonte: Agência Brasília – https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2023/08/23/flores-verdes-ipes-mais-raros-comecam-a-florescer-em-brasilia/