Dois anos depois, o 8 de janeiro permanece na memória coletiva do Brasil
Os ataques aos prédios da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, continuam sendo um marco na história recente do Brasil. Dois anos após o episódio, políticos e jornalistas relembram o impacto do ocorrido e reforçam a necessidade de vigilância na defesa da democracia.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) estava em sua casa em São Luís quando recebeu as primeiras imagens da invasão. “Eu achei que fosse uma montagem. Parecia impossível ver aquilo acontecendo em Brasília”, contou a parlamentar, que ficou atônita ao presenciar a transmissão ao vivo dos ataques.
O dia que chocou o Brasil
Na tarde daquele domingo, manifestantes bolsonaristas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). A ação começou por volta das 15h, quando os vândalos subiram a rampa do Congresso, destruíram vidraças e ocuparam parte do Senado.
Ao retornar a Brasília no dia seguinte, Eliziane encontrou um cenário desolador. “O Congresso parecia um campo de guerra, com vidros quebrados, chão molhado e escuridão. Era difícil acreditar no que víamos.”
Lições e alertas sobre o extremismo
A jornalista e escritora Bianca Santana, que estava em Brasília no dia dos ataques, também relembrou a surpresa com as mensagens que recebeu enquanto desembarcava na cidade. “A assinatura desse ataque era evidente. Jair Bolsonaro instigou essa desordem ao questionar, repetidamente, o sistema eleitoral brasileiro”, afirmou Bianca.
Leandro Demori, jornalista e apresentador da TV Brasil, compartilhou uma visão semelhante. “Desde 2018, Bolsonaro já aventava a ideia de fraude nas eleições. O 8 de janeiro foi a culminação de anos de ataques às instituições.”
A falta de resposta das forças de segurança
Randolfe Rodrigues (PT-AP) afirmou que já esperava resistência ao resultado das eleições de 2022, mas se surpreendeu com a omissão das forças de segurança. “O que me chocou foi a negligência coordenada, que permitiu o acesso aos prédios dos Três Poderes. Ali, eu percebi que um golpe de Estado estava em andamento.”
O senador comparou o episódio ao golpe militar no Chile, em 1973, temendo um desfecho semelhante. “Por um momento, achei que Brasília viveria um 11 de setembro chileno.”
Humor como ferramenta de resistência
O roteirista Antonio Tabet, do Porta dos Fundos, destacou o papel do humor na conscientização sobre os riscos do autoritarismo. “Os esquetes sobre golpes circularam bastante, mostrando o absurdo de uma tentativa de golpe. O humor joga luz sobre essas situações e faz o público refletir.”
Memória e vigilância: a importância de não esquecer
Dois anos depois, o 8 de janeiro permanece como um lembrete dos riscos que o Brasil enfrentou. A preservação da memória do episódio é vista como essencial para evitar que ataques semelhantes voltem a acontecer.
Randolfe Rodrigues resumiu o sentimento geral: “A democracia é um projeto coletivo que precisa ser protegido diariamente. Não podemos baixar a guarda.”