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75% dos brasileiros esperam novos empregos com economia verde

Estudo ABDI/Nexus mostra que 75% dos brasileiros veem a economia verde como motor de novos empregos, enquanto 16% temem impacto negativo.
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Foto: Divulgação/Ari Versiani/PAC

A maioria dos brasileiros, aproximadamente três em cada quatro indivíduos, nutre expectativas positivas sobre a capacidade da economia verde de impulsionar a criação de novos postos de trabalho. Uma pesquisa recente, conduzida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com a Nexus, revela que 75% da população nacional antevê um cenário de ampliação do mercado de trabalho com a transição para práticas sustentáveis. Por outro lado, uma parcela menor, de 16%, manifesta preocupações, temendo um impacto negativo na oferta de empregos decorrente dessa mesma mudança.

Perspectivas de Emprego na Transição Verde

A confiança dos brasileiros na economia verde como motor de crescimento profissional é notável. De fato, a análise aprofundada dos dados demonstra que, entre os otimistas, uma significativa maioria de 54% projeta o surgimento de “muitos empregos” em virtude dessa transição. Enquanto isso, 21% dos entrevistados vislumbram “poucos novos empregos”, ainda mantendo uma perspectiva favorável. No entanto, o estudo também lança luz sobre as apreensões existentes. Cerca de 16% dos participantes acreditam que a mudança para uma economia sustentável pode, na verdade, deteriorar a disponibilidade de vagas. Especificamente, 9% preveem uma diminuição geral na geração de trabalho, ao passo que 5% antecipam uma “diminuição muito acentuada”. Adicionalmente, uma pequena fração, de 2%, chega a prever o desaparecimento completo de oportunidades laborais.

Renda e Escolaridade no Entendimento das Oportunidades

A percepção sobre o potencial da economia verde para gerar empregos exibe uma correlação interessante com os níveis de renda e escolaridade dos indivíduos. Primeiramente, a crença na expansão da oferta de vagas aumenta progressivamente em consonância com o poder aquisitivo do entrevistado. Por exemplo, entre aqueles que auferem uma renda superior a cinco salários mínimos, 78% demonstram otimismo em relação à criação de novos postos de trabalho. Similarmente, 78% dos que recebem entre dois e cinco salários mínimos compartilham essa mesma expectativa positiva. Ademais, essa tendência se mantém forte para 76% dos indivíduos na faixa de um a dois salários mínimos. No entanto, para a população que ganha até um salário mínimo, o índice de otimismo é ligeiramente menor, ainda assim expressivo, alcançando 67% de crença no aumento da oferta de empregos impulsionada pela sustentabilidade.

Posteriormente, a pesquisa também destaca a influência do nível educacional nesta visão. Aqueles com ensino superior completo mostram-se particularmente confiantes, com 79% deles acreditando nos benefícios da economia sustentável para a criação de empregos. De maneira semelhante, 78% dos que possuem ensino médio completo partilham dessa percepção favorável. Em contrapartida, entre os entrevistados com ensino fundamental completo, a proporção cai para 68%, indicando uma variação nas expectativas conforme a formação acadêmica. Ricardo Cappelli, presidente da ABDI, comenta sobre esses achados. Ele sugere que uma economia sustentável naturalmente demanda profissionais mais qualificados, o que, consequentemente, pode levar a salários mais elevados. Conforme Cappelli, “assim, é natural que quem tem mais estudo e renda percebe melhor as oportunidades que essa mudança pode trazer”.

Variações Demográficas na Expectativa de Emprego Verde

Para além da renda e da escolaridade, o estudo detalha como diferentes grupos demográficos enxergam as oportunidades na economia verde. Primeiramente, há uma distinção notável entre os gêneros: 59% dos homens expressam confiança no surgimento de novos postos de trabalho, enquanto entre as mulheres essa taxa é de 49%. Além disso, a confiança na transformação econômica sustentável se acentua significativamente entre as faixas etárias mais jovens. Por exemplo, 62% dos indivíduos com idades entre 16 e 24 anos acreditam firmemente nesse potencial, e 59% daqueles entre 25 e 40 anos compartilham dessa perspectiva otimista. Em contraste, a porcentagem diminui para 49% no grupo de 41 a 59 anos, e cai ainda mais, para 46%, entre os maiores de 60 anos.

Adicionalmente, a análise geográfica da pesquisa revela um apoio generalizado à criação de empregos pela economia verde em todas as regiões do Brasil. Os resultados mostram que as regiões Sudeste e Sul lideram com 78% de otimismo. No Norte e Centro-Oeste, a crença atinge 73%. Por fim, o Nordeste registra um índice de 67%, demonstrando que, mesmo com variações, a expectativa positiva é prevalente em todo o território nacional.

Detalhes Metodológicos da Pesquisa

Para assegurar a robustez e a representatividade dos dados apresentados, a pesquisa foi conduzida com rigor metodológico. A empresa Nexus, responsável pela coleta, realizou um total de 2.021 entrevistas presenciais. Todos os participantes tinham idade superior a 18 anos e foram abrangidos em 27 estados da federação. O levantamento ocorreu durante o período de 14 a 21 de julho deste ano, garantindo uma fotografia recente das percepções da população brasileira sobre a transição para uma economia verde e seu impacto no mercado de trabalho.

Em conclusão, o estudo da ABDI e Nexus evidencia um forte respaldo popular à transição para uma economia verde no Brasil, predominantemente vista como uma fonte promissora de novas oportunidades de emprego. Embora existam ressalvas e variações nas expectativas entre diferentes segmentos demográficos, a mensagem central é clara: a população brasileira, de forma geral, deposita sua esperança na sustentabilidade como caminho para o desenvolvimento e a geração de riqueza laboral.