Setenta e um mandados de prisão foram expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (12), alvejando membros de uma facção criminosa atuante no Complexo do Israel, na zona norte da cidade. A operação, de grande porte, visa desarticular a organização acusada de tráfico de drogas e uma série de atos violentos contra as forças policiais.
Operação contra o Tráfico no Complexo do Israel
Segundo denúncia formalizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os 71 indivíduos investigados desempenham diferentes papéis na estrutura criminosa. Há desde gerentes do tráfico, responsáveis pela administração e logística do comércio ilegal de drogas, até seguranças armados e vigias que protegem os pontos de venda no complexo de favelas. A liderança da organização é atribuída a Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, considerado um dos principais chefes do narcotráfico no estado.
Além do tráfico de drogas, a denúncia do MPRJ destaca a responsabilidade dos investigados por uma série de ações violentas contra a polícia. Entre os crimes imputados à organização estão ataques a viaturas policiais e veículos blindados, tentativas de derrubada de aeronaves, instalação de barricadas para bloquear o acesso das forças de segurança, imposição de toque de recolher à população local, intolerância religiosa e o uso de drones para monitorar o movimento policial nas comunidades sob seu domínio.
Domínio Territorial e Ações Violentas
A facção criminosa controla as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, impedindo, de forma efetiva, a atuação regular do Estado nessas regiões. Como consequência desse domínio ilegal, a organização consegue recrutar novos membros com mais facilidade, expandindo sua influência e poder de fogo.
Uma das táticas mais perigosas empregadas pelos criminosos é atirar contra ônibus urbanos e intermunicipais que circulam pela Avenida Brasil, principal via expressa do Rio de Janeiro. Esse tipo de ataque, além de causar pânico na população, visa atingir pessoas em deslocamento para o trabalho, demonstrando o total desprezo pela vida alheia e pela segurança pública.
Contexto Operacional e Implicações
Vale ressaltar que a operação que resultou nesses mandados de prisão não se trata de um evento isolado. Em março de 2025, por exemplo, a polícia realizou uma ação que culminou na derrubada de um símbolo religioso utilizado por Peixão, demonstrando uma estratégia de combate mais incisiva e direcionada aos líderes da facção. Ainda em junho de 2025, outra operação, que resultou em 20 prisões, paralisou vias expressas na cidade, sinalizando a complexidade e a escala do problema do crime organizado na região.
Em conclusão, a operação que culminou na emissão dos 71 mandados de prisão representa um esforço significativo das autoridades para combater o tráfico de drogas e a violência no Complexo do Israel. Entretanto, a complexidade da situação e o histórico de ações violentas da facção exigem uma resposta contínua e integrada, envolvendo não só a repressão policial, mas também ações de inteligência, políticas sociais e investimento em segurança pública para garantir a paz e a segurança da população afetada.