A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) exigiu prontamente esclarecimentos das forças policiais e do Ministério Público sobre uma operação de grande escala que ocorreu na última terça-feira, resultando em um total de 64 mortes, incluindo quatro policiais civis. Este grave desdobramento surge em meio a crescentes preocupações com a violência e as estratégias de segurança pública empregadas no estado, gerando um intenso debate sobre os limites e a letalidade das intervenções policiais.
Demanda por Transparência e Esclarecimentos
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj formalizou esta cobrança ao enviar ofícios detalhados ao Ministério Público e às polícias Civil e Militar. O objetivo principal é obter informações claras e transparentes sobre as circunstâncias que envolveram a denominada Operação Convenção, deflagrada logo nas primeiras horas da manhã da última terça-feira, dia 28. Segundo a presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (PSOL), a atuação policial transformou diversas comunidades fluminenses “em um cenário de guerra e barbárie”, uma avaliação contundente que sublinha a gravidade da situação percebida pelos parlamentares.
Além disso, a parlamentar expressou a profunda inquietação da comissão diante da escalada de violência que acompanhou esta megaoperação. Até o momento, o saldo trágico inclui 64 vítimas fatais, um número que abrange, lamentavelmente, quatro policiais civis, além de vários outros agentes feridos por disparos durante os confrontos. Em uma nota oficial divulgada à imprensa, Dani Monteiro foi enfática ao declarar que “nenhuma política de segurança pode se sustentar sobre esse banho de sangue”, ressaltando a inadmissibilidade de tais níveis de letalidade em ações estatais.
Críticas à Estratégia Operacional e à Governança
A deputada criticou severamente a abordagem adotada, afirmando categoricamente que a operação foi “letal como jamais visto”. Ela salientou que o Estado não pode, de forma alguma, agir como se houvesse pena de morte, tampouco permitir que as favelas sejam tratadas como “território inimigo ou palco de espetáculo”. Portanto, para a comissão, a dignidade humana e o devido processo legal devem ser pilares de qualquer ação policial. Adicionalmente, Monteiro apontou para uma questão de governança, considerando “grave” a insistência do governador Cláudio Castro em uma atuação que, segundo ela, seria isolada e desprovida de coordenação interinstitucional. Por outro lado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública teria afirmado ter atendido prontamente a todos os pedidos do governo estadual para o emprego da Força Nacional, sugerindo uma possível falta de comunicação ou coordenação efetiva entre as esferas de poder.
Apelo por Cooperação e um Modelo de Segurança Eficaz
Diante desse cenário complexo, a parlamentar defendeu veementemente a necessidade de cooperação genuína entre as diferentes esferas governamentais no Rio de Janeiro, em clara contrapartida às disputas políticas que, muitas vezes, prejudicam a eficácia das ações. Ela argumentou de forma inequívoca que a segurança pública se faz com “planejamento, inteligência e respeito à vida”, e não por meio da “espetacularização de chacinas”. Consequentemente, uma abordagem mais estratégica, humanizada e baseada em dados concretos é crucial para evitar a repetição de eventos tão catastróficos e desumanos. Em suma, a comissão enfatizou que a prioridade deve ser a preservação da vida e a eficácia das ações, fundamentadas em um modelo que priorize a inteligência e o diálogo em detrimento dos confrontos espetaculosos.
Compromisso com Direitos Humanos e Investigação Rigorosa
Em conclusão, a Comissão de Direitos Humanos da Alerj reafirmou seu irrestrito compromisso com a defesa da vida e dos direitos humanos de todos os cidadãos fluminenses. Consequentemente, o órgão exige “transparência, responsabilização e uma investigação rigorosa de todos os fatos” que permeiam a Operação Convenção. Esta postura firme visa garantir que a verdade prevaleça, que os responsáveis sejam devidamente apurados e que medidas adequadas sejam tomadas para prevenir futuras tragédias e assegurar que as operações policiais respeitem a legalidade e a dignidade humana.



