Edição Brasília

43,4% das exportações brasileiras escapam de tarifa dos EUA

Cerca de US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras para os EUA, 43,4% do total, ficam fora da nova tarifa de 50% de Trump, assinada nesta quarta.
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Foto: Governo Sergipe/Divulgação

Cerca de 43,4% das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos, o que corresponde a um volume de aproximadamente US$ 18,4 bilhões, estão isentas da nova tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A medida, oficializada por meio de uma ordem executiva assinada nesta quarta-feira, dia 30, afeta diretamente os fluxos comerciais entre as duas nações.

Impacto da Medida e As Exceções Tarifárias

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) realizou um levantamento detalhado, revelando que a lista de produtos brasileiros que escapam da taxação norte-americana representa uma fatia significativa do intercâmbio comercial. De um total de US$ 42,3 bilhões movimentados entre Brasil e EUA, a parcela excluída do aumento tarifário chega a exatos 43,4%, ou US$ 18,4 bilhões.

Ao todo, a relação de produtos isentos abrange 694 itens. Entre eles, destacam-se commodities e manufaturados essenciais para a economia brasileira. Por exemplo, petróleo e seus derivados, combustíveis, suco e polpa de laranja, diversos tipos de minérios, fertilizantes, motores, peças, componentes e até mesmo aeronaves civis foram poupados desta sanção adicional de 50%. Entretanto, a medida não contemplou importantes produtos da pauta de exportação brasileira para o mercado estadunidense, como café e carne bovina, que tiveram a aplicação da nova alíquota confirmada.

A Análise da Amcham Brasil Sobre a Tarifa

Apesar da existência de exceções, a Amcham Brasil enfatizou que o impacto sobre setores estratégicos da economia nacional ainda se mostra considerável. Em um comunicado, a entidade ressaltou que, embora as isenções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50%, a competitividade de empresas brasileiras permanece comprometida. Consequentemente, isso pode afetar as cadeias globais de valor, uma vez que produtos não incluídos na lista de exceções continuam sujeitos ao aumento tarifário.

Diante desse cenário, a Amcham Brasil reforçou a urgência de um diálogo construtivo entre as autoridades dos dois países. Além disso, a entidade sublinhou a necessidade de preservar a histórica e robusta relação diplomática e comercial que une o Brasil e os Estados Unidos, consideradas as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental. Portanto, a busca por uma solução negociada é vista como fundamental para mitigar futuras tensões e garantir a fluidez do comércio bilateral.

Produtos de Maior Valor na Lista de Exceções

Dentre os produtos excluídos da tarifa que geraram o maior impacto financeiro em valor exportado, os combustíveis se destacam. Esta categoria, que engloba 76 produtos distintos, foi responsável por um volume de US$ 8,5 bilhões em exportações no ano passado, representando a maior parcela de isenção em termos monetários. Em seguida, as aeronaves civis também figuram proeminentemente, com 22 produtos que somaram mais de US$ 2 bilhões em vendas para os Estados Unidos em 2024.

Adicionalmente, outros setores importantes também foram beneficiados pela isenção. O ferro e o aço, por exemplo, alcançaram um valor de exportação de US$ 1,8 bilhão, contribuindo significativamente para o total de produtos não taxados. Outro destaque na lista de exceções são as pastas de madeira, amplamente conhecidas como celulose, que representaram US$ 1,7 bilhão em vendas ao mercado norte-americano. Em suma, a diversidade dos produtos isentos revela a complexidade da pauta de exportação brasileira e os setores mais sensíveis às flutuações tarifárias.