O “terror da A24” é quase um subgênero dentro do próprio terror. O estúdio é aclamado pelos cinéfilos e sua mistura do horror com outros gêneros abriu portas para que mais pessoas se tornassem fãs desse que é um dos estilos mais antigos da história do cinema.
A A24 tem mais ou menos 25 filmes já lançados que podem ser enquadrados como terror ou carregam elementos do gênero dentro das obras. É o caso de High Life, de Claire Denis, por exemplo, que mistura ficção-científica com horror ao mostrar um grupo de criminosos que trocam a pena por uma expedição atrás de energia no espaço. Clímax, de Gaspar Noé, coloca o musical dentro de história infernal de paranoia.
Alguns que não entraram na lista merecem destaque, como o terror solar Midsommar: O Mal Não Espera a Noite, de Ari Aster, o estranho Lamb, de Valdimar Jóhannsson, X – Marca da Morte, de Ti West e o drama gótico The Eternal Daughter, estrelado por Tilda Swinton.
Hereditário (2018)
Talvez o terror mais aclamado dos últimos anos, figurando inclusive em listas de favoritos para participar das premiações daquele ano, Hereditário é o melhor filme de Ari Aster. A história da família atormentada após a morte da avó e que vai se afundando no obscuro é de arrepiar até os mais acostumados com o gênero. Toni Colette brilha e Milly Shapiro interpreta um dos personagens mais icônicos do horror moderno. Se você já viu o filme, sabe que AQUELA cena com Charlie (Shapiro) é de perder o sono.
A Bruxa (2015)
Outro queridinho dos fãs de terror, A Bruxa foi o primeiro filme de Robert Eggers como diretor. O horror folk traz os principais elementos do gênero: cenário rural, paganismo, uma família religiosa e, claro, animais. Possessão e bruxaria entram no cotidiano da família de Thomasin (Anya Taylor-Joy) depois que ela é acusada de ser a responsável pelo desaparecimento do irmão. Muito mais sobre a construção do cenário e os riscos que ele representa, A Bruxa é um filme lento e menos preocupado com os sustos fáceis. Me perdoem a piada infame, mas Black Phillip é o verdadeiro G.O.A.T. desta lista.
O Farol (2019)
Completando uma dobradinha de Robert Eggers com a A24, O Farol é o melhor filme do diretor até hoje. Até podemos torcer para que sua versão de Nosferatu surpreenda e desbanque esse conto fantástico-bizarro, estrelado por Robert Pattinson e Willem Dafoe, mas a missão é difícil. Utilizando elementos dos teatros de fantasmagoria, Eggers usa de forma brilhante a luz e a sombra contrastada da fotografia em preto e branco para contar a história de dois faroleiros que acabam presos em uma ilha por mais tempo do que deviam. Paranoia, alucinações, sereias, gaivotas com personalidades e o sotaque de Willem Dafoe atormentam o novato Ephraim (Pattinson) e nós espectadores.
Sala Verde (2015)
Uma jovem banda de punk consegue a oportunidade de fazer um show em um bar no meio do nada no Oregon. O que parece uma oportunidade boa para ganhar uns trocados, acaba virando um tormento quando eles descobrem que o bar é na verdade um centro de encontro de uma gangue de nazistas e acabam testemunhando um assassinato. Tenso, violento e com muito sangue, Sala Verde é um filme de pouco mais de 90 minutos, mas que faz valer cada momento. A cereja do bolo: o líder da gangue é ninguém mais que o Professor Xavier (ou Capitão Picard) em pessoa: Patrick Stewart.
O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)
Antes de figurar nos tapetes vermelhos do Oscar por A Favorita e Pobres Criaturas, Yorgos Lanthimos já havia feito os ótimos Dente Canino e O Lagosta. Em O Sacrifício do Cervo Sagrado, o diretor volta a incomodar com a estranheza de seus personagens e das situações que os coloca. Colin Farrell é um cirurgião renomado, que questionando sua “boa vida” acaba trazendo um jovem órfão para dentro de casa e tudo se torna um caos. Se você gostou de Barry Keoghan em Saltburn, aqui ele consegue ser mais perturbador. Um suspense misturado com terror psicológico ecom a idiossincrasia perfeita de Lanthimos.
Pearl (2022)
Prequel de X – A Marca da Morte, Pearl consegue superar o filme original em quase todos os quesitos. O desenvolvimento da personagem de Mia Goth é o grande barato aqui: o relacionamento difícil com a mãe, o encantamento com o cinema e o projetista, interpretado pelo futuro Superman, David Corenswet e, claro, a busca pela fama. Goth e o diretor Ti West refinam o que já era bom em X e colocam Pearl entre as grandes personagens do cenário atual do terror. Impossível não ficar hipnotizado pelo macabro sorriso da personagem no final da história.
Morte Morte Morte (2022)
Um dos melhores exemplos em como a A24 investe em projetos que misturam gêneros, Morte Morte Morteé uma comédia com elementos de slasher e whodunit (aqueles filmes que tentamos descobrir quem é o assassino). Um grupo de jovens acaba preso em uma mansão quando decidem fazer uma festa durante um furacão. Quando eles começam uma brincadeira que acaba dando errado, o verdadeiro comportamento de cada um começa a vir à tona. Um excelente exercício sobre o comportamento, seja no virtual ou no real, da atual geração, Morte Morte Morte é, além de tudo, divertidíssimo. O final é impagável.
A Enviada do Mal (2015)
Talvez o filme menos conhecido dessa lista, A Enviada do Mal merece ser visto. Escrita e dirigida por Oz Perkins, filho do próprio Norman Bates, de Psicose, Anthony Perkins, a produção acompanha duas jovens que acabam ficando presas em um internato durante o inverno rigoroso e uma outra mulher, vivida por Emma Roberts, que fugiu de uma instituição mental. A história das três acaba se entrelaçando em uma trama macabra e com muito sangue. Assim como A Bruxa, é um filme de ambientação, mais lento e que vai preparando tudo para o violentíssimo final. Vale demais descobrir.
Saint Maud (2019)
Cheia de elogios em 2024 com seu Love Lies Bleeding – O Amor Sangra, Rose Glass já havia feito outro ótimo filme em seu primeiro trabalho: Saint Maud. A história acompanha Maud, uma enfermeira com um passado problemático, que começa a trabalhar particularmente para uma famosa dançarina com câncer. A relação dela com a paciente vai ficando cada vez mais obsessiva e guiada pela fé, aparentemente, inabalável da enfermeira. Morfydd Clark, a Galadriel de Anéis do Poder, está excelente. Um terror psicológico sobre religião e devoção, com um toque na medida de gótico. A cena final vai ficar na sua cabeça por um bom tempo.
Fale Comigo (2023)
Terror sensação de 2023, Fale Comigo traz aquilo que todo bom filme de terror deve ter: nossos medos quando somos crianças. Da brincadeira perigosa com os amigos, ao bullying por se sentir excluído e a perda de um parente próximo. Misturado a isso, temos a estátua de uma mão que consegue nos ligar com o além. Óbvio que não tem como dar certo e quando esse momento chega, os diretores, o duo youtuberRackaRacka, Danny e Michael Philippou, mostram que entendem do assunto. Violento, gore e com uma protagonista interessantíssima, Fale Comigo tem tudo para virar uma franquia de sucesso da A24.
Bem-vindo à #A24Week! De 22 a 25 de abril, os sites irmãos Omelete e Chippu estão passeando pela história do estúdio mais badalado do momento. Além de relembrar os principais filmes, destacar pérolas escondidas e analisar o sucesso da A24, também vamos lançar um ranking com os 24 melhores filmes do estúdio. Você pode acompanhar tudo no Omelete clicando aqui, e no Chippu clicando aqui.
Fonte: Chippu